No momento, você está visualizando Blockbusters na era do streaming

Blockbusters na era do streaming

  • Categoria do post:GESTÃO

Já pensou como será a indústria cinematográfica daqui a alguns anos? A tecnologia chegou e a inovação veio para promover novas mudanças do setor

Matéria completa aqui

Em algum momento você deve ter ouvido falar nos famosos blockbusters. São produções cinematográficas de grande impacto, ou seja, filmes com temas populares, produzidos para atrair o público e lucrar milhões de dólares ao ano. Títulos com orçamentos gigantes e, em alguns casos, produções simples, cujo maior objetivo é gerar lucro.

O termo surgiu na década de 40 para nomear uma bomba utilizada pelos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. O artefato tinha o potencial de destruir quarteirões inteiros, por isso o nome blockbuster. Os produtores de cinema começaram a utilizar esse termo para se referir a filmes que eram sucesso de bilheteria.

Segundo Thamires Viana, crítica de cinema do site CineClick, esse tipo de filme tem características em que há a presença de “um ator muito famoso como protagonista, duram em média 100 minutos e possuem alto orçamento, que é suprido com o sucesso da bilheteria. As temáticas são populares e costumam atrair o público”.

O conceito ficou mais forte com o sucesso de “Tubarão”, de Steven Spielberg, em 1975. O longa trazia grandes atores e orçamentos milionários. “Tubarão foi um marco para a história do cinema no ano de lançamento. Foi o primeiro filme a ultrapassar a quantia de US$ 100 milhões nas bilheterias. A produção custou cerca de US$ 9 milhões e arrecadou mais de US$ 450 milhões mundialmente”, afirma Thamires.

Tubarão foi estrategicamente pensado para que alcançasse o maior percentual de faixa etária e culturas, trazendo assim milhões de pessoas para o cinema e atingindo sucesso de vendas nas bilheterias. Os produtores planejaram cada detalhe, desde a data de lançamento até a divulgação. Viana afirma, ainda, que “o tema foi o grande atrativo para o público, já que foi o primeiro filme a trazer um tubarão mecânico e realista para as tecnologias da época”. A partir daí, a indústria passou a pensar mais nos blockbusters.

Anos mais tarde, foi criada a inovadora empresa Blockbuster Inc. O empreendimento revolucionou a indústria audiovisual na década de 90. Funcionava como uma loja locadora de filmes, lançamentos e produtos audiovisuais. Foi um sucesso. A empresa tinha um inteligente sistema de franquias e, em poucos anos, já contava com 4.500 lojas funcionando em todo o mundo.

A empresa foi considerada uma das marcas mais famosas dos Estados Unidos. O tempo foi passando e começaram a surgir outros canais de distribuição de filmes. A organização tentou se reinventar, mas os resultados foram cada vez menores. Lojas foram fechando e a situação piorava. Depois que a Netflix chegou com um sistema inovador de catálogo e entrega de filmes online, em 2010 a Blockbuster Inc. ruiu de vez e decretou falência.

 

Revolução da Netflix

Se alguém tinha dúvidas de que a Netflix viria para revolucionar, hoje não tem mais. A empresa tem um dos serviços de streaming (distribuição digital) mais populares do mundo. A crítica de cinema do CineClick declara que os serviços da plataforma online “com certeza fizeram uma diferença gritante para as produções cinematográficas”. Ainda segundo ela, atualmente “o público frequenta o cinema apenas para conferir filmes que queiram muito assistir. No entanto, a maioria aguarda a chegada aos serviços de streaming”.

Houve muita especulação. Muitos acreditavam que, aos poucos, os jovens deixariam de ir ao cinema para assistirem os filmes em casa. As plataformas digitais estremeceram o mercado cinematográfico. De acordo com Thamires Viana, os produtores já usam boas estratégias para atrair ao público: “Alguns filmes conceituados já têm se limitado a estrearem em plataformas digitais, mas vão para as salas de cinema com sessões especiais a fim de atrair o público certo”.

Na visão de Sabrina Tosi, recém-formada em cinema, as pessoas estão preferindo a Netflix por conta da facilidade de acesso e pelo custo benefício. “Infelizmente, ir ao cinema hoje em dia se tornou algo caro”, afirma.

Assim como as outras mídias, o cinema também teve que evoluir. As novas estratégias têm tudo para progredir com o passar do tempo, porém ainda não geram valores exorbitantes de bilheterias. “No entanto, filmes blockbusters sempre terão público nas salas de cinema e permanecerão dessa forma devido à atratividade e expectativa que gera na massa”, diz Thamires Viana.

Outros dados importantes a serem abordados são os do Oscar 2019. A Netflix – que conta com a marca de 167 milhões de assinantes em todo o mundo – teve 15 indicações de produções originais. Ainda para este ano, a empresa diz ter pretensões ousadas. Os orçamentos dos filmes previstos chegam a ser de 200 milhões de dólares, sendo produções dignas de Hollywood.

A plataforma está rompendo os padrões de lançamentos clássicos da indústria e criando outros formatos inovadores que acompanham a tecnologia. Os filmes originais não vão para o cinema e mesmo assim lucram milhões. Veio ou não veio para quebrar paradigmas?

 

Potencial de queda

Com a chegada dos serviços de streaming, o setor cinematográfico começou a sentir os sinais de perigo. As vendas nas bilheterias estão caindo a cada ano e os altos custos das franquias e superproduções não estão mais dentro dos orçamentos. Cada vez mais, o cinema americano fica a mercê do mercado externo.

Segundo o professor de cinema e mídias digitais Márcio Moraes, “esses novos serviços de distribuição estão fazendo o cinema ser revisto e as suas bilheterias estão diminuindo. Muito mais que uma ameaça, é uma mudança de audiência”, afirma. “O cinema precisa se reinventar e isso já vem acontecendo com novas linguagens e tecnologias”, completa Moraes.

Um dos acontecimentos que marcou as grandes empresas cinematográficas foi o fracasso do longa-metragem “Transformers 5 – O Último Cavaleiro”, que teve a menor renda da história. Mesmo que a produção tenha gerado expectativas, jorraram análises negativas. Segundo Thamires Viana, “um dos erros cometidos pelas grandes franquias é não se reinventar. O longa chegou aos cinemas sem um roteiro atrativo e trazendo mais do mesmo para o público, além de cometer erros de sequência gigantescos”. Para tentar recuperar o prejuízo, os atores e produtores montaram uma turnê mundial.

Ficou claro que a nova geração de dispositivos móveis e plataformas com catálogos de filmes chegaram chacoalhando o mercado do cinema. Quem quiser continuar no jogo (ou nas telas) precisa encontrar uma maneira de inovar.