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Cultura de dados se torna elemento essencial para sobreviência no mercado

Saiba o que é e por que sua empresa deveria adotar a cultura data-driven. Além de explorar oportunidades, decisões passam a ser mais certeiras e eficazes

Por Leon Santos

Com as disputas de mercado cada vez mais acirradas, tomar decisões precisas e efetivas tem se tornado tarefa cada vez mais difícil. Somado a esse contexto, a digitalização de dados, e de praticamente tudo o que diz respeito à gestão, tem mostrado que apenas a experiência profissional e o feeling para negócios há tempos deixaram de ser suficientes para tomar decisões: é aí que entra a cultura de dados ou data driven.

Termo em inglês para “dirigido ou direcionado por dados”, o data driven engloba ações e decisões fundamentadas em análise criteriosa de dados. A metodologia consiste na coleta sistemática, análise e interpretação precisa de dados para orientar decisões empresariais em todas as esferas: desde a operacional até a mais estratégica.

Empresas líderes de mercado como Amazon, Netflix e Google fazem uso do data-driven ao aplicá-lo na personalização de experiência de usuários, na otimização de processos logísticos e no desenvolvimento de produtos e serviços inovadores. Segundo o administrador, mestre em inovação e professor do Ibmec, Marcello Minutti, essa abordagem permite às empresas maior agilidade, eficiência e competitividade, ao proporcionar entendimento aprofundado do mercado e comportamento dos consumidores, além de avaliar com precisão a eficácia das estratégias empresariais.

“Evidências de estudos e casos de sucesso empresarial indicam um aumento significativo na assertividade das decisões, eficiência operacional e o retorno sobre o investimento (ROI) ao adotarem essa abordagem (data driven). Um estudo da McKinsey & Company revelou que organizações intensivas em dados não apenas superam seus pares no crescimento de mercado, mas também registram aumentos de 15% a 25% no faturamento bruto”, diz.

Tipos

Quanto à qualidade e fontes dos dados, o data driven os denomina como first, second ou third data. O primeiro deles, first data, é quando os dados são conseguidos diretamente com o ‘cliente’ — entendido aqui como qualquer dos stakeholders envolvidos no processo, podendo ser obtido por meio de comportamentos em plataformas ou resposta a pesquisas diversas, como de satisfação, reclamação ou menções em redes sociais.

O second data advém de parceiros, ou de fontes externas confiáveis, que possuem públicos iguais ou parecidos. É o caso de indústrias que obtém dados sobre preferências e comportamento de clientes por meio de varejistas que vendem seus produtos.

Já o third data é ainda menos específico, em relação aos dois primeiros. Ele reúne uma combinação do first e do second data e fornece uma visão mais geral, como de determinado mercado que a empresa possui interesse.

Cultura Data Driven (Fonte: Hubspost)

Para criar uma cultura data driven nas empresas, os gestores devem seguir determinados passos; são eles:

1) Estabelecer uma estratégia para uso dos dados. Ou seja, saber o que procura e qual a pergunta quer responder; 

2) Investir em tecnologias para coletar, armazenar e organizar os dados; 

3) Distribuir os resultados ou dados obtidos por diferentes setores da empresa; 

4) Investir em treinamento das equipes pouco antes da execução prática; 

5) Disseminar conhecimento. Quando a equipe percebe que aprender a usar dados economiza tempo, evita retrabalho e promove poderosos insights, o engajamento acontece.

Habilidades e implantação

De acordo com o administrador-doutor Humberto Lopes, professor na PUC Minas, trabalhar com data driven exige uma combinação diferenciada de habilidades técnicas e de gestão. Enquanto conhecimentos em TI são úteis para lidar com as ferramentas e plataformas de análise de dados, as habilidades de gestão possibilitam interpretar e aplicar os insights adquiridos de maneira estratégica.

Lopes conta que empresas como Ambev e Grupo Gerdau valorizam profissionais com habilidades analíticas afiadas e uma sólida compreensão do contexto empresarial. Desta forma, criam equipes multifuncionais capazes de impulsionar a inovação e o crescimento.

De gigantes globais a startups, empresas brasileiras como Stellantis e Nubank são exemplos de como as abordagens orientadas por dados transformam os negócios. Ao analisar informações de clientes, padrões de compra e até mesmo dados de engajamento de mídia social, essas empresas moldam estratégias mais inovadoras e personalizadas, antecipam as necessidades do mercado e superam a concorrência.

“Imagine um mundo onde todas as decisões de negócios são tomadas usando inteligência de dados, que não são apenas um luxo, mas uma necessidade estratégica. Esse é o mundo orientado por dados, e o data-driven refere-se, portanto, à prática de usar dados quantitativos e qualitativos para orientar as decisões e ações de uma empresa”, finaliza Lopes.