Inteligência Artificial exige novas habilidades e amplia demanda por novas profissões
Por Rodrigo Miranda
A Inteligência Artificial (IA) está cada vez mais presente no dia a dia das pessoas, como nos computadores, smartphones, televisões, entre outros dispositivos e aplicações. Mas ele se tornou mais comum em ferramentas como o ChatGPT, que auxilia as pessoas na construção de textos e na criação de insights.
Sistemas inteligentes e algoritmos avançados estão assumindo atividades rotineiras e repetitivas, como o processamento de dados e o atendimento ao cliente. Um estudo da McKinsey Global Institute revela que cerca de 60% das ocupações podem automatizar ao menos 30% de suas tarefas com a tecnologia já disponível.
Mas esse cenário ainda assusta algumas pessoas e deixa o público ainda dividido entre o medo e a oportunidade. Um levantamento do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), realizado com 2.223 jovens, mostrou que 39% têm receio de perder seus empregos para a automação e IA.
Por outro lado, a tecnologia tem potencial de libertar os profissionais de tarefas repetitivas, abrindo espaço para a inovação e atividades estratégicas. Isso porque o impacto da IA vai além das funções simples, chegando até análises jurídicas e consultoria legal básica, levantando questões sobre a necessidade de adaptação e desenvolvimento de novas habilidades.
Funções
Joubert Fidelis, administrador e especialista em Inteligência Artificial (IA), destaca que a chave para se beneficiar dessa revolução tecnológica é adotar uma abordagem proativa e estratégica. “A implementação de softwares como sistemas de gestão empresarial (ERP) e o uso de chatbots podem otimizar operações e melhorar o atendimento ao cliente, liberando os profissionais para focar em decisões estratégicas e mais valiosas”, avalia.
Já o fundador da ‘Schonhardt Strategic Solutions’, João Schonhardt, reforça essa perspectiva, ao apontar como a IA já é utilizada para automatizar processos em países como Estados Unidos, Alemanha e Japão. Ele destaca que, nesses países, a IA é vista como uma aliada em diferentes funções, mas, sobretudo, na execução de processos de trabalho.
“Com isso, os trabalhadores têm sido liberados de tarefas repetitivas e conseguem focar em funções mais estratégicas. Empresas investem pesado na requalificação de seus funcionários, e as pessoas correm atrás de novos conhecimentos para se manterem competitivas”, afirma.
Novos perfis
A automação e a inteligência artificial também contribuem para o surgimento de novas carreiras, e a exigência de habilidades técnicas atualizadas está redefinindo o que significa estar preparado para o mercado de trabalho do futuro. Profissões como analistas de dados, engenheiros de machine learning, especialistas em IA e designers de experiências digitais estão em alta, e as empresas estão buscando profissionais com capacidade de se adaptar rapidamente às inovações tecnológicas.
Neste ‘novo cenário’, as habilidades técnicas em ciência de dados, programação e engenharia de IA estão em alta. Mas, além dessas capacidades, o mercado valoriza competências comportamentais como pensamento crítico, resolução de problemas complexos, adaptabilidade e colaboração.
Quando se trata de capacitação, o equilíbrio entre habilidades técnicas e humanas é essencial. A habilidade de interpretar dados e tomar decisões estratégicas com base em insights tecnológicos se tornará um diferencial no futuro do trabalho.
“As habilidades que são valiosas hoje podem não ser as mesmas no futuro, e manter-se atualizado com as novas tendências e ferramentas é crucial. Cursos em análise de dados, ciência de dados e IA são fundamentais, mas não podemos esquecer das Soft Skills (habilidades comportamentais), como comunicação eficaz e liderança”, aconselha Joubert Fidelis.
Perigos
O uso excessivo de tecnologia pode apresentar riscos ao desenvolvimento de competências. A dependência excessiva de IA pode levar à perda de habilidades essenciais, tais como a criatividade e a capacidade de resolução de problemas.
Schonhardt compartilha essa preocupação, mencionando que o abuso da tecnologia pode resultar em uma exclusão massiva dos trabalhadores menos qualificados. Ele defende uma abordagem de inovação inclusiva no Brasil, que combine desenvolvimento tecnológico com políticas públicas para preparar os trabalhadores para o mercado digital.
“A IA pode criar uma ‘classe inútil’, que não consegue acompanhar a economia digital. Em países subdesenvolvidos, o perigo é mais profundo: a IA pode criar uma exclusão massiva. Trabalhadores menos qualificados são substituídos por máquinas, e os que permanecem no mercado acabam presos a empregos de baixa remuneração“, diz.
O momento atual exige que os profissionais busquem requalificação contínua. Cursos de curta duração, certificações em novas tecnologias e um compromisso constante com o aprendizado são essenciais.
A inteligência artificial também tem o papel de reconfigurar o mundo do trabalho, mas as oportunidades para quem se adapta às novas exigências são vastas. A chave para o futuro é aprender a colaborar com a tecnologia, desenvolvendo habilidades técnicas e humanas para se destacar em um ambiente que valorize a inovação.