Brasil se prepara para ter a sua primeira moeda digital. Batizada de Drex, o projeto desenvolvido pelo Banco Central promete sacudir o mercado financeiro
Por Ana Graciele Gonçalves
De olho nas constantes transformações mundiais, sobretudo as tecnológicas, o Banco Central do Brasil (BC) não quis ficar para trás. Por isso, já começou a desenvolver uma moeda brasileira 100% digital, o “Drex”, que pode dar o que falar.
Apesar de um possível trava-língua no nome da moeda, cada letra tem um significado. ‘D’ de digital, ‘R’ de Real, ‘E’ de eletrônico e ‘X’ em referência ao Pix, serviço de transferências instantâneas que virou sucesso no país.
Segundo o coordenador do projeto da nova moeda no BC, Fábio Araújo, o Drex é uma moeda digital que funcionará em âmbito de banco central (CBDC, de Central Bank Digital Currency, em inglês). Seu objetivo é democratizar o acesso da população a serviços e produtos financeiros, por meio de uma plataforma que opere com ativos digitais e contratos inteligentes, facilitando a provisão de serviços e produtos financeiros mais eficientes e seguros.
“De forma mais detalhada, o termo se refere tanto ao real — em formato digital, empregado em transações de atacado e de varejo — quanto à plataforma Drex que operacionalizará essas transações. Ele trará mais agilidade nas operações e diminuirá custos em relação aos serviços monetários (relacionados a emissão de moeda e financeira como um todo), em comparação ao que existe hoje”, revela Araújo.
Diferenças
Desde o anúncio da nova moeda digital surgiram especulações entre os consumidores e o mercado financeiro, sobre a semelhança com o Pix. O analista do Banco Central explica que tanto um quanto o outro surgiram para facilitar e democratizar o acesso a serviços bancários, porém há diferenças significativas.
Enquanto o Pix foi desenvolvido com o objetivo de simplificar e democratizar o acesso das pessoas a serviços de pagamentos, o Drex visa simplificar e democratizar o acesso, bem como oferecer transações mais seguras, com ativos digitais e contratos inteligentes.
Segundo Araújo, o Pix é um serviço que possui conveniências associadas a transferências financeiras, já o Drex é uma plataforma em que produtos e serviços criados pelo mercado serão oferecidos em transações, com o uso da nova moeda e de outras funcionalidades. A utilidade do Drex para a população será produzida mediante novos produtos e serviços com acesso facilitado e mais baratos.
Para garantir o sucesso da nova moeda, o BC tem estimulado a inovação junto a instituições financeiras para que elas ampliem a prestação de serviços financeiros. “Caso os operadores do mercado financeiro consigam ofertar à população serviços melhores e mais acessíveis, é natural que o Drex tenha uma grande aceitação”, avalia Araújo.
O Drex ainda está em fase de testes, mas a expectativa é que a nova moeda seja disponibilizada para o público até o final de 2024. Tanto o Banco Central quanto o mercado financeiro esperam que ele impulsione a celeridade das transações e aprimore a segurança no sistema financeiro.
Impactos na economia
As mudanças previstas têm potencial de facilitar o acesso de pequenas empresas ao mercado de capitais e tende a reduzir o custo de crédito para as pessoas e a promover a concorrência entre os prestadores de serviços financeiros. Para o diretor de Administração e Finanças do Conselho Regional de Administração de Minas Gerais (CRA-MG), Joubert Fidelis, a moeda digital pode reduzir a economia informal uma vez que todas as transações serão registradas e rastreáveis.
“A nova moeda digital pode contribuir para o combate à lavagem de dinheiro, já que o governo pode implementar medidas rigorosas de controle. Com isso, fica mais difícil o uso de criptomoedas não regulamentadas para atividades ilegais”, afirma o doutor em administração.
E os benefícios não param por aí. O administrador diz que o governo pode, por meio do Drex, melhorar o controle sobre a política monetária realizando ajuste fino na oferta de moeda.
“Pode haver, ainda, a redução dos custos de emissão de dinheiro em papel moeda, que são significativos. Se o formato pegar, os benefícios serão muitos, tendo em vista o potencial do mercado nacional e a fome por tecnologia que o brasileiro tem”, conclui.
Acesse o QR ao lado e conheça as vantagens e desvantagens do Drex
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Vantagens e desvantagens do Drex (Fonte: Adm. Joubert Fidelis)
– À medida que seu uso avançar, pode eliminar a necessidade de lidar com dinheiro físico ou cartão de crédito.
– Redução dos custos associados a transações financeiras, como taxas bancárias e custos de câmbio em transações internacionais.
– Possibilidade de pagamentos instantâneos entre indivíduos, empresas e instituições financeiras, o que acelera fluxos de dinheiro na economia.
– Inclusão de pessoas que não têm acesso a serviços bancários formais, permitindo que elas participem plenamente da economia digital, proporcionado pelo avanço tecnológico.
– Redução de fraudes financeiras proporcionada pela tecnologia por trás das moedas digitais, o blockchain.