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Administração Estratégica

Mais do que um setor específico ou área da administração, ela é responsável por pensar e decidir o futuro das organizações.

Por Leon Santos

Quem nunca ouviu falar em ‘administração estratégica’ precisa conhecer, talvez rever conceitos ou até mesmo se atualizar. O segmento tem despontado como um dos mais promissores da profissão e é ocupado nada mais, nada menos do que pelas cabeças mais brilhantes das organizações.

Há quem diga que todas as áreas da administração sejam estratégicas, o que de fato são, embora o termo aqui tratado se refira às áreas de inteligência de mercado e de tomada de decisão. Já existem até cursos de pós-graduações dedicadas exclusivamente ao tema.

Na prática, os cargos associados ao segmento são ocupados por CEOs (diretores executivos, do mais alto escalão), CFOs (diretores financeiros), COOs (Diretores de operações), bem como por gerentes, supervisores, coordenadores e líderes em geral. Outro nome para quem atua em nível operacional são os analistas de planejamento estratégico.

De acordo com Ivan Garrido, doutor em administração e professor na Universidade do Vale dos Sinos (Unisinos), a administração estratégica reúne diferentes funções. Entre elas estão definir propostas de valor (de produtos, serviços e imagem da empresa), criar planejamentos para diferentes finalidades e selecionar recursos e operações que garantam a efetividade das ações.

Garrido esclarece que no mundo da administração a palavra estratégia está voltada, sobretudo, a estudar o mercado, definir uma proposta de valor — algo que agregue e faça diferença na vida do consumidor—, bem como aos meios que a empresa utilizará para garantir que seu objetivo seja cumprido. Ele ainda ressalta que para uma estratégia dar certo, ela precisa ter o respaldo de todos os setores de uma instituição.

“Estamos falando de pontos de venda, assistência técnica, pesquisa e inovação, marketing, distribuição, inteligência de mercado, entre outras. O fundamental, aqui, é que essas áreas e recursos estejam todos alinhados, caminhem na mesma direção, e interajam entre si de forma a reforçar o posicionamento estratégico de uma empresa”, exemplifica.

Formato

De acordo com o professor e pesquisador do curso de administração da Universidade Federal de Goiás (UFG), Ricardo Rossi, quando se fala em administração estratégica, por vezes, predomina o formato top-down (de cima para baixo), o que supervaloriza as capacidades de análises e decisões dos executivos de alto escalão. Tal abordagem, em sua visão, pode ser facilitada em contextos estáveis e com abundância de informações, porém isso é raro hoje na atualidade.

Rossi destaca que boas ideias estão espalhadas por toda a organização e também fora dela. O formato bottom-up (de baixo para cima) seria um contraponto à visão centralizadora e uma alternativa importante, no contexto atual de concorrência acirrada entre empresas.

Com abordagem mais pluralista, a alta gestão pode estimular e captar ideias e percepções de colaboradores, o que abre oportunidades para jovens profissionais criativos e engajados. Em geral, segundo o professor, aqueles que participam e se destacam nesse momento são profissionais com bom raciocínio lógico, visão sistêmica e direcionados para análise de problemas complexos.

O pesquisador relata que por muito tempo a literatura sobre administração estratégica enfatizou a busca e manutenção de posições de vantagens competitivas nos mercados. Contudo, a dinâmica atual dos negócios dificulta a obtenção de alternativas sustentáveis, sendo “a mudança a regra, e a estabilidade a exceção”.

A capacidade dinâmica de constantemente se adequar às situações se tornou um ativo imperioso para as organizações. O desenvolvimento das capacidades dinâmicas é o cerne da administração estratégica atual”, revela.

Vantagens

A administração estratégica, assim como seu planejamento correspondente, pode fornecer senso de direção e delinear metas mensuráveis, de acordo com o professor e pesquisador do Coppead/UFRJ, Luís Antônio Dib. Com ela é possível orientar decisões do dia a dia, avaliar o progresso e mudar abordagens caso seja necessário.

O setor é imprescindível para as organizações que pretendem ser competitivas e escalonáveis. Ele ajuda na análise de deficiências — quando as ações já não geram mais resultados — e a questionar se os atuais modelos ainda fazem sentido de serem continuados.

Perguntado sobre a relação entre o segmento e o êxito empresarial, o professor frisou que é preciso haver, antes, o alinhamento estratégico e comunicacional entre setores e gestão superior. Também ressaltou que o segmento é promissor para crescer profissionalmente, pois consegue unir aprendizado contínuo e altos salários.

“Quando cada departamento e equipe entende a estratégia maior de sua empresa, seu progresso impacta diretamente no sucesso da organização. Com relação à carreira, por ser uma área mais concentrada, geralmente a oferta de vagas é menor, porém costuma pagar salários mais altos e exigir candidatos com formações mais sólidas”, finalizou.