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Influenciadores digitais já ultrapassam em número carreiras tradicionais

 

Digital Influencer se consolida como profissão

Com mais de 500 mil influenciadores digitais no Brasil, o País passou a reconhecer a atividade do “Influenciador Digital” como profissão

Por Ana Graciele Gonçalves

Os Millennials talvez não saibam, mas boa parte da Geração Z conhece o jovem brasileiro João Pedro Mota, mais conhecido como JP Mota. Ele faz parte dessa turma que já nasceu conectada a internet e passou a infância entre celulares e tablets.

E foi assim, em meio a umas postagens despretensiosas no Facebook que, aos 14 anos, JP ficou conhecido na internet. Hoje, aos 18, a brincadeira virou sua profissão: o digital influencer acumula mais 3,9 milhões de seguidores no Instagram e 3,4 milhões no TikTok.

JP Mota está entre os mais de 500 mil influenciadores com no mínimo 10 mil seguidores que existem no Brasil. O estudo feito pela Nielsen Media Research revela que a carreira está em alta no país e já conseguiu ultrapassar profissões ditas tradicionais como Engenharia Civil (455 mil), Administração (450 mil) e Dentistas (374 mil).

Esse segmento mostra-se cada vez mais promissor no Brasil e isso estimulou o Ministério do Trabalho a reconhecer a atividade de Influenciador Digital como uma profissão. A carreira agora está devidamente registrada na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) com o número 2534-10.

De acordo com Rafael Ventura, CEO da NINE Comunicação, agência especializada no gerenciamento de carreiras de influenciadores, o Marketing de Influência é um mercado extremamente lucrativo, principalmente no Brasil.

“Uma prova disso é o estudo conduzido pela plataforma CupomValido.com.br com dados da Statista e da HootSuite, onde revela que cerca de 43% da população já realizou uma compra de produtos ou serviços influenciada por um criador digital”, afirma.

Ventura conta, ainda, que esse mercado está em alta desde 2016. Contudo, foi na pandemia que houve, segundo ele, um “verdadeiro boom”. “Pessoas talentosas foram descobertas e as marcas começaram a dar maior atenção ao mercado, assim como o governo, que reconheceu a carreira como uma profissão”, comenta.

Quem não é visto, não é lembrado

Um levantamento feito pela CB Insights mostrou que o mercado de influenciadores digitais movimentou algo em torno de R$6,5 bilhões em 2021. Rafael crê que o setor ainda vai crescer muito e, para justificar, ele faz uma comparação com o mercado publicitário tradicional.

Rafael Ventura, CEO da Nine Comunicação

“Para anunciar em grandes veículos de comunicação, você paga um valor muito alto para um “tiro de canhão”, em que você acerta todos os públicos, inclusive os que não são o público alvo daquela campanha publicitária”, avalia o especialista.

Com os influenciadores digitais, essa publicidade é nichada e muito mais assertiva na hora de alcançar o público desejado. As marcas perceberam isso e estão conseguindo divulgar seus produtos por meio desses profissionais.

 

“Eles conseguem atingir o seu público alvo de uma forma mais eficaz e até mesmo econômica. Então acredito que é um mercado que não só veio para ficar, mas que também terá uma expansão muito grande nos próximos anos”, prevê Rafael.

Segundo a especialista em Marketing Digital e Vendas de Alta Performance, a administradora Jessica Nery, pesquisas apontam que 40% dos brasileiros que compram pela internet tomam suas decisões com base no que recomendam algum influenciador. Por isso, ela aponta que a divulgação pelas redes sociais tem sido muito utilizada pelas empresas porque elas compreenderam que precisam estar onde o seu público está.

“Então, você tem ali uma pessoa com poder de direcionar a decisão de compra do consumidor, melhorando a sua jornada de compra e te faz estar mais próximo como marca”, recomenda.

A administradora reforça um ditado popular muito comum nesse meio: “quem não é visto, não é lembrado”.

“Por isso, as empresas precisam e devem usar muito os influenciadores para estar mais próximo do seu público, melhorar o marketing share e gerar aquela sensação de prova social”, reflete Jessica.

Like de milhões

JP Mota

JP não esperava chegar onde chegou com a internet. “No começo, minha expectativa era muito muito menor. Na época, eu só queria ter umas curtidas a mais, porque era legal.”, conta o influenciador.

Apesar da pouca idade, em 2019 ele foi vencedor da categoria Instagrammer Nacional no BreakTudo Awards,em 2020, foi indicado ao “Meus Prêmios Nick” na categoria Style.

Por meio do seu trabalho nas redes sociais, o jovem conquistou a independência financeira, comprou o carro dos sonhos e realizou muitas viagens, algumas delas internacionais. Atualmente, ele investe na carreira musical.

Parece fácil, mas a rotina de um influenciador digital é como a de qualquer outro profissional. Acostumado a gerenciar a carreira desses profissionais, Rafael explica que eles precisam ter uma vida muito regrada, pois o que não falta é convite para festas, eventos, viagens, entre outros.

“Eles precisam estar atentos que, se bobear, podem deixar de produzir conteúdo, e isso afeta diretamente nos números e até nos ganhos deles”, orienta. Para tanto, Rafael sugere que o influenciador tenha horários bem definidos para a criação de roteiros, execução e edição de conteúdo.

“Se engana muito quem acha que a vida de um influenciador é só farra, luxo e diversão. Por trás das câmeras é muito trabalho também.”, defende o especialista.

O faturamento mensal depende de alguns fatores: nicho, qualidade do conteúdo, autoridade para falar do assunto, entre outros. Alguns ganham, literalmente, milhões todos os meses.

“É muito importante ter uma comunidade que confie e acredite no que você diz. E eu não estou falando sobre ter milhões de seguidores não. Tem muitas pessoas que têm números menores e faturam mais do que outros que são muito grandes exatamente por terem uma comunidade e terem autoridade sobre aquilo que fala.”, aponta Rafael.