Entenda o que são e o que elas podem fazer por sua empresa ou equipe de trabalho. Modelo é um dos principais diferenciais das equipes de alto rendimento
Por Leon Santos
Trabalhar em equipe e obter rendimento e performance máximos são objetivos de qualquer líder e de profissionais que são membros de um setor ou departamento. Ao longo de décadas passadas, diferentes maneiras foram criadas e utilizadas, até que, em 2001, profissionais de Tecnologia da Informação (TI) lançaram o “Manifesto Ágil” que deu início ao que é conhecido hoje como “metodologias ágeis”.
Inicialmente focado na área de TI, o manifesto foi adaptado para outras áreas e é embasado em quatro pilares. São eles: 1) comunicação; 2) praticidade, 3) alinhamentos de expectativas e de entregas, e 4) adaptabilidade e flexibilidade.
Criada como um conceito de trabalho, tais métodos proporcionam vantagens como o aumento da velocidade e da qualidade nas entregas de serviços, e estimula a comunicação dentro da equipe. Proporciona, ainda, maior engajamento e interação entre os integrantes da equipe, além de mais independência, responsabilidade e produtividade.
Tipos
Entre as metodologias ágeis mais conhecidas estão o Scrum e o Kanban. De acordo com o administrador e diretor técnico do ‘Sergipe Parque Tecnológico’, Diego da Costa, o Scrum divide um projeto específico, ou mesmo tarefas contínuas, em ciclos de produção. Com tempo de execução predefinido, os colaboradores executarão suas tarefas e, ao final, apresentarão o resultado com base na premissa de gerar um ‘Mínimo Produto Viável’ (MVP).
No caso de projetos, a cada reunião de equipe é apresentada uma versão mais simples do produto, ou uma parcela do que foi desenvolvido desde o último encontro. O executor da tarefa é chamado de Product Owner (do inglês, proprietário do produto ou serviço), já o líder (chefe) é chamado de Scrum Master (mestre ou cabeça do Scrum).
Segundo Costa, metodologias como o Scrum foram criadas para dar conta das transformações, cada vez mais rápidas, ocorridas na sociedade e nas empresas. Sem a devida adaptação e divisão do projeto em partes, com tempo predeterminado, não haveria competitividade.
“A agilidade surgiu como solução para alcançar resultados em ambientes complexos, primeiro, nas questões ligadas à tecnologia da informação e depois ganhou terreno em outros tipos de negócios. O principal objetivo é entregar resultados satisfatórios, em todos os processos do projeto”, explica.
Desenvolvimento
Segundo o pesquisador do curso de Engenharia da Produção, da Universidade de São Carlos-SP (UFScar), professor Fábio Molina, o Scrum tem como principal foco a comunicação. Ele explica que após a formação da equipe, inicia-se a elaboração de um ‘Product Backlog’ — uma lista de atividades dinâmicas que podem ser alteradas de acordo com o desenvolvimento do projeto.
A fase de desenvolvimento, segundo Molina, é iniciada com a reunião de planejamento da Sprint. Durante esse período, a equipe de desenvolvimento realiza reuniões diárias e rápidas, chamadas de Daily Scrum (ou Scrum diário), para decidir detalhes e prioridades sobre as atividades (Sprint Backlog).
O professor esclarece que Sprint é o nome dado ao período em que a equipe de desenvolvimento trabalhará na entrega de um pacote de trabalho (parcelas), sendo este último denominado Sprint Backlog. Ao final, é realizada uma reunião de fechamento chamada Spring Review (com apresentação do produto) que resultará no incremento ou aceitação.
“O ciclo se reinicia com o planejamento de uma nova Sprint, até a finalização do projeto. Todas as reuniões, seja a de planejamento, revisão ou diária possuem um limite de tempo determinado de execução”, explica.
Kanban
Conhecido pelos ‘posts its’ (papéis adesivos) e a lousa que o caracterizam, o Kanban tem origem japonesa e “significa cartão ou sinalização” — por vezes, é aplicado em conjunto com o Scrum. Seu foco é deixar visível para todos os envolvidos da equipe qual trabalho está sendo executado, por cada membro, e em qual etapa ele está.
Segundo a sócia-diretora da ‘A&B Consultoria’ e especialista em modelos de gestão, Susanne Andrade, o Kanban também possui quatro princípios fundamentais. O primeiro deles é aproveitar tudo o que a empresa já faz, pois assim evita-se um choque brusco de cultura.
O segundo pilar consiste em promover mudanças, porém de forma gradual, e tem relação com o item anterior. Objetiva a evolução de processos, bem como experimentar novos formatos e testar novos modelos.
O terceiro passo é respeitar a estrutura atual de trabalho, os papéis e as responsabilidades de cada um dos envolvidos no processo. Tem como foco melhorar o que já está implementado.
Já o quarto é incentivar atitudes de liderança, em todos os níveis, e também a autogestão e o protagonismo. Com isso, a aplicação da metodologia potencializa o resultado por intermédio da disciplina, transparência, priorização e adaptação.
“O Kanban também promove uma transformação na equipe, com o desenvolvimento de Soft Skills como colaboração, protagonismo, autogestão e auto-organização. Além disso, promove a gestão horizontal, comunicação e um propósito compartilhado”, sentencia.