Entenda as motivações e também os requisitos necessários para aqueles que desejam ser líderes

Por Alexandra Fiori

O cargo de liderança pode ser traduzido por muitos como o ápice da carreira profissional, por trazer notoriedade, status e poder. Entretanto, quando se chega lá, nem sempre é comum lembrar o que o motivou a buscar tal posição, e isso pode ser essencial para ser respeitado e cumprir corretamente o papel de líder.

Segundo Patrick Lencioni, autor do livro “O espírito da Liderança: uma história sobre como se tornar um líder pelas motivações certas”, os profissionais precisam entender as motivações pelas quais decidiram ser líderes. Quando não identificam as conexões entre o cumprimento dos deveres e as recompensas que recebem, eles passam a “escolher como usar o tempo e a energia com base no que vão obter, e não no que devem oferecer àqueles que deveriam liderar”, avalia Lencioni.

De acordo com a administradora e professora da Fundação Getulio Vargas (FGV), Juliana Genevieve, os principais motivos pelos quais as pessoas desejam ser líderes costumam ser multifatoriais, pois estão atrelados ao contexto em que estão inseridas. “Tem grande peso os valores familiares em que cresceram, a cultura do país de origem e suas dinâmicas sociais e econômicas, além de sua fé ou não fé”, esclarece Juliana.

O gestor financeiro e professor de administração da faculdade Ibmec-RJ, Roberto Nascimento, avalia que a busca pela notoriedade e status está ligada à vaidade e a um perfil inquieto que procura novas ideias. “Tudo depende do contexto, todo ser humano tem alguma dessas características, isso é normal. O importante é como você trabalha essas características no seu íntimo, como você lida com o ego”, ressalta.

Motivos pessoais alinhados aos valores da empresa

Para Juliana Genevieve, ao assumir um cargo de liderança é preciso confrontar os motivos pessoais com os propósitos da empresa e do coletivo para o qual trabalha. Além disso, deve haver aderência entre o perfil de líder e a cultura organizacional.

“Cada empresa tem sua cultura, que é explicitada por meio da missão, visão e valores. Não por acaso os acionistas buscam o retorno do investimento e, estrategicamente, traçam essa diretriz para que seus líderes a sigam rigorosamente, no intuito de minimizar o risco e, consequentemente, aumentar o retorno do investimento”, diz.

Em muitos casos, os aspirantes aos cargos de gestão ignoram a ética e os valores da empresa, colocando a imagem corporativa em risco. Por outro lado, se a cultura da empresa está bem definida e os valores alinhados, ela vai se sobrepor ao indivíduo. “Algumas ferramentas podem ajudar nesse confronto, como a cultura do feedback e a avaliação de desempenho, que analisam mais do que questões técnicas”, completa Nascimento.

Segundo Juliana Genevieve, ser um líder exemplar significa focar no autoconhecimento para responder genuinamente se tem, se quer, e se pode desenvolver novas habilidades. “A liderança pode ser desenvolvida, mas não é para todos. É preciso ter atitude, aprender constantemente com os erros e acertos, entregar resultados, exercer a escuta atenta e promover o diálogo entre colaboradores”, afirma.

Habilidades atualizadas definem um bom líder

Desde que desenvolvidas as habilidades, não importam os motivos que levam alguém a ser líder, na avaliação de Nascimento. Afinal, liderar pessoas é um trabalho contínuo que requer constante atualização e aprendizado. Mas, então, o que é uma má gestão? “É um grande desalinhamento entre o interesse coletivo e o suposto líder. Muito comum quando alinhado a perfis de liderança autocrática, onde há mais burocracia, centralização, microgestão e autoritarismo”, explica o professor.

Um somatório que, além de impactar negativamente os resultados, confere um péssimo ambiente de trabalho. Ser um bom líder é entregar resultados para seu time, para a empresa e até mesmo para a sociedade. Se não for um bom líder, de fato, nunca alcançará o status, porque não será respeitado. “O líder de verdade normalmente se torna líder antes de assumir essa posição na hierarquia da companhia; é algo orgânico e natural”, sentencia Nascimento.