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Um administrador no governo de Minas Gerais

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Eleito governador de Minas Gerais, no segundo turno das últimas eleições com 71,8% dos votos, o administrador e candidato estreante Romeu Zema será o 39º chefe do Executivo mineiro. Sua gestão promete ser marcada pela primazia do profissionalismo no serviço público.

Romeu nasceu na cidade mineira de Araxá e é bisneto do empresário Domingos Zema, fundador do Grupo Zema, organização criada em 1923. Até 2016, o governador eleito ocupou a presidência da empresa da família. Agora, atuando no mais alto cargo político estadual, o administrador quer aplicar seu conhecimento no setor público.

Em entrevista à RBA, Romeu Zema contou um pouco da sua experiência na área da Administração privada e de que forma pretende usá-la ao favor do governo que chefiará a partir de janeiro de 2019.

 

RBA – Sendo experiente na gestão privada, o senhor acredita que seu know how seja um diferencial para cumprir as atribuições de chefe do Executivo de Minas Gerais? Ou seja, o que aplicará do seu conhecimento na gestão pública?

Romeu Zema – Com certeza vou levar para minha gestão toda a experiência de 30 anos que trago da iniciativa privada. Primeiramente, não vamos gastar mais do que arrecadamos. Numa empresa, se você gasta mais do que ganha, vai à falência. Depois, vamos medir o desempenho dos funcionários, valorizando a competência. Outro ponto é que não adotaremos critérios políticos para preenchimento dos cargos; serão critérios técnicos. Tanto é que, nesse período de transição, temos a colaboração de duas consultorias especializadas que estão identificando nomes e avaliando os perfis mais adequados para cada cargo. Não só do primeiro escalão, mas também do segundo e terceiro.

 

Pelo prisma da Ciência da Administração, o que falta à gestão pública no país para que problemas ordinários sejam solucionados sem a interferência de paixões ideológicas ou outras?

Acredito que falta justamente uma visão privada ao desempenho da gestão pública. E é isso que vamos fazer. Claro que, no Executivo, precisaremos da parceria e colaboração do Legislativo e do funcionalismo. Mas o perfil dos parlamentares está mudando, deixando para trás aquelas velhas práticas, das quais a população está cansada e quis dar um basta [por meio do voto] nas urnas. Prova disso é o crescimento do Partido NOVO, por exemplo, que traz um jeito diferente de lidar com a política e a coisa pública.

 

Mecanismos como governança corporativa e compliance se mostram muito eficientes no setor privado. Considera que isso também aconteça na área pública?

Esses mecanismos são alguns dos recursos da experiência privada que, com certeza, só irão melhorar e facilitar minha gestão no Estado. A essência da governança corporativa está na transparência. Tenho sempre dito que um dos pilares da minha administração será justamente esse. Quero ser totalmente transparente com a população mineira e com os deputados. Por exemplo, ao tomar alguma medida, direi: ‘É preciso fazer 80. Eu fiz 10, que é minha parte, mas os outros 70 dependem disso ou daquilo’ E vamos nos reger por outras bases da governança corporativa: equidade, prestação de contas e sustentabilidade. No âmbito público, o conceito de compliance é de grande valia, pois nos faz agir de acordo com leis e regulamentos, como é o caso da lei anticorrupção.

 

De que maneira da Ciência da Administração e os administradores podem contribuir com a política e os governos brasileiros? O que a área tem a oferecer à sociedade?

Creio que é a visão de quem lida com os desafios da gestão num mercado competitivo e em constante evolução. Os administradores são formados e preparados para fazer com que as empresas funcionem bem, com sucesso e constante evolução, dentro da área em que atuam. E isso, claro, também pode ser aplicado à administração pública.

Sou administrador formado pela Fundação Getulio Vargas. Somos [administradores] fundamentais para a retomada da atividade econômica brasileira. Também temos uma função social primordial. Na geração do emprego, difusão de tecnologia, acesso à educação. A nossa presença é vista em todas as áreas produtivas. Como governador e administrador, nossa gestão será pautada no dinamismo para facilitar a vida de quem empreende em nosso estado.

 

O senhor é presidente do Conselho de Administração do Grupo Zema, uma empresa familiar com quase um século de existência. Em organizações familiares, o que é preponderante para o sucesso e a longevidade dos negócios?

Em qualquer negócio, familiar ou não, a receita se baseia em trabalho, determinação e dedicação. No nosso grupo, sempre buscamos a excelência, com humildade e honestidade. Atuamos em constante proximidade com os funcionários, buscando valorizá-los e estimulá-los ao crescimento. E [estamos] sempre atentos em corresponder ao que os consumidores precisam, com respeito e transparência. Tanto é que nosso atual presidente começou na empresa como frentista.

 

Diante da dinâmica da Quarta Revolução Industrial (ou Revolução 4.0), qual conselho o senhor daria para os jovens profissionais de Administração que estão saindo das universidades?

Leiam, se aprimorem. Busquem alternativas de formação para as novas profissões que vão advir, que ainda não existem, mas que necessitarão sempre de bons gestores para gerir o negócio.

 

Cargos privativos do profissional de Administração muitas vezes são ocupados por outros profissionais, principalmente na máquina pública. Como o senhor pretende tratar essa questão em seu governo?

Como disse anteriormente, no meu governo não haverá preenchimento de cargos por apadrinhamentos ou troca de favores, até porque não precisei fazer qualquer conchavo para me eleger.  Na minha gestão não haverá desvio de funções, afilhados políticos ocupando o lugar de profissionais adequados para determinado cargo. Vamos priorizar e valorizar o profissional capacitado para cumprir determinada tarefa, sempre com critérios técnicos.

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