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Didatismo é a Soft Skill do momento

Saiba o que é e por que ele tem sido decisivo nas empresas, no quesito liderança e qualificação de mão de obra

Por Leon Santos

Listada entre as soft skills mais valorizadas de 2024, o didatismo tem despontado como solução para inúmeros dilemas organizacionais da atualidade. Definido como a capacidade de compartilhar conhecimentos e ensinar outras pessoas a se desenvolverem, tem sido utilizado para resolver problemas como lacunas de sucessão nas empresas, retenção de talentos e como forma de integração entre distintas gerações de profissionais.

O didatismo é um conceito amplo, atrelado a modernas técnicas de liderança, em que o líder se torna responsável por promover o aprendizado contínuo da equipe, com ele mesmo ensinando lições de cunho técnico (hard skills) e comportamentais (soft skills). Outra forma de aplicação é o líder promover espaço para troca de experiências entre colaboradores e disseminação de novas ideias, o que estimula a inovação e o aperfeiçoamento de processos, produtos e serviços.

Segundo a administradora e gerente de desenvolvimento de lideranças da LHH consultoria, Milene Schiavo, ao criar uma cultura de aprendizagem é fundamental as empresas instalarem mecanismos que estimulem o didatismo. Desse modo, as organizações terão maiores chances de evoluir, crescer, atingir suas metas, alcançar suas estratégias de negócios, e as pessoas poderão desenvolver novas habilidades e competências, progredindo profissionalmente.

Para que a empresa instale mecanismos para estimular o didatismo, e as pessoas possam se desenvolver, a figura do líder é primordial. É papel da liderança colocar em prática, realmente, um processo de aprendizagem contínua”, pontua.

Já para o economista e professor da PUC Minas, Cláudio Burian, um bom líder ensina sua equipe e permite que ela evolua. É a liderança que indica o caminho do êxito, ao mostrar como determinada pessoa poderia adquirir algum conhecimento ou habilidade fundamental para a execução de suas atividades. 

“Um líder deve saber não apenas coordenar as atividades de sua equipe como também identificar as qualidades e potencialidades de cada um de seus membros, de forma a potencializar o resultado agregado final de seu time. Um erro na execução compromete o resultado final, impactando negativamente os resultados da organização, por isso não basta delegar, faz-se necessário saber a quem delegar”, ressalta. 

Formato

Entre os benefícios que o didatismo pode trazer a uma empresa estão promover o desenvolvimento dos colaboradores de forma mais assertiva e o alinhamento da equipe. Além disso, evita o retrabalho, além de ajudar a reter talentos nas organizações e fortalecer a cultura organizacional.

De acordo com a especialista em perfil comportamental e Top Voice LinkedIn em treinamento de lideranças e facilitação de equipe, Angélica Dalla Rosa, o didatismo está na linha oposta ao controle excessivo exercido por modelos antigos de gestão. Ela explica que o modelo é focado em ensino e orientação, onde o líder comunica sua visão de forma clara, entende o erro como parte do aprendizado e contribui para que as pessoas se desenvolvam nas organizações.

“Essa soft skill é muito estimulada entre os líderes. Ao implementar essa visão, a empresa passa uma mensagem clara para a equipe de que acredita e valoriza o desenvolvimento do seu time, que o processo de aprendizagem precisa ser constante e que, estar alinhado com isso, pode ser uma oportunidade de crescimento para o colaborador dentro da empresa”, ressaltou.

Ainda segundo a especialista, o momento atual exige que as organizações repensem suas estratégias e decisões de negócio, diante da complexidade e das mudanças rápidas que exigem adaptação mais veloz. Ela destrincha o período ao citar fenômenos como as ondas de trabalho híbrido e home office, as evoluções tecnológicas cada vez mais disruptivas, os pedidos de demissão voluntários e a dificuldade de contratar e reter talentos.

Se você conversar com empresários, de qualquer área de atuação, perceberá que a maioria tem um problema em comum: a dificuldade de encontrar as pessoas certas para suas organizações e fazê-las permanecerem produtivas e engajadas. Como o didatismo é uma soft skill que auxilia na retenção dos talentos, no desenvolvimento, no engajamento das pessoas e na manutenção do conhecimento dentro da organização, no caso da saída de colaboradores, fica clara a importância dessa competência nos dias atuais”, acrescentou.

Sucessão

Outro problema que tem chamado especial atenção do mundo corporativo é a dificuldade em gerenciar sucessões. Para Milene Schiavo, o fato entra no hall de dificuldades de por que as sucessões têm se tornado problemas tão sensíveis e complexos.

A administradora ressalta que as organizações têm negligenciado o processo de desenvolvimento e aprendizagem de seus talentos. Por isso, aponta soluções como oferecer programas de desenvolvimento para todos os níveis profissionais, tanto em hard skills quanto em soft skills, e treinar líderes para serem educadores, treinadores ou desenvolvedores de talentos.

“Para que líderes sejam estimulados a atuar de forma diferente, a empresa precisa estabelecer uma cultura também diferente. Uma cultura ambidestra, que valorize a entrega do resultado hoje e também a construção do resultado do amanhã, criando espaços na agenda da liderança para que possam realmente desenvolver as pessoas”, resumiu.