Lombardi Júnior fala sobre formação, experiência e na força do capital humano e foco no cliente como diferenciais de mercado
Por Leon Santos
Diretor executivo e CEO do Grupo Segura — dos ramos de segurança, limpeza e conservação—, o empresário Avelino Lombardi Júnior é o entrevistado da RBA ed. 160. Com experiência em diferentes cargos na área de administração, foi em empresa própria que ele encontrou a mais alta expressão de suas habilidades e versatilidade.
Administrador de formação, Avelino é pós-graduado em Gestão de Finanças, Auditoria e Controladoria, área que o ajudou a fundamentar conhecimentos que utiliza, atualmente, à frente do Grupo Segura. É ainda especialista em Gestão e Controle de Segurança Privada, segmento relacionado diretamente à sua área de atuação.
Avelino tem ainda trajetória em outras instituições, tais como o Observatório Social de Blumenau, onde foi presidente (gestão 2016-2017); diretor do setor de serviços da Associação Empresarial de Blumenau — ACIB (2021-2023); coordenador do Núcleo de Segurança Privada da Acib (2008-2011) e diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança (2003-2013). Engajado com a disseminação e evolução da administração no país, foi ainda conselheiro do CRA-SC entre os anos de 2011 a 2018.
Avelino, como foi sua trajetória profissional e educacional, o que o levou a estar no cargo que ocupa hoje, e quais são os valores que norteiam seu trabalho?
Desde muito jovem, com a idade de 15 anos, eu me envolvi em várias atividades conectadas à administração. Nas primeiras experiências de trabalho tive a felicidade de passar pela área administrativa: desde office boy (primeiro emprego) até crédito, cobrança e logística.
Outra experiência importantíssima foi na administração de produção, oportunidade em que integrei a equipe de tempos, métodos e processos, de uma grande indústria têxtil da cidade de Blumenau-SC. Também trabalhei no setor automotivo, iniciando pela área de vendas de peças automotivas e mais tarde automóveis e consórcios, o que me proporcionou uma imersão na área de atendimento ao cliente e negociação.
Já com alguns anos de experiência, em diversas áreas da administração, em 2001 por conta da boa performance no setor comercial, fui convidado a desenvolver a estruturação dessa área no Grupo Segura — empresa fundada pelo meu pai em 1993. A empresa necessitava de um profissional que ajudasse a incrementar o crescimento do grupo em um mercado extremamente competitivo.
Entrando como sócio do negócio, iniciei o trabalho pela área comercial. Construímos o primeiro planejamento estratégico com a ajuda de uma equipe de consultores que possibilitaram a transferência de conhecimento para a equipe, que passou por uma grande transformação.
A implantação do sistema de gestão, inicialmente baseado na metodologia BSC, nos possibilitou traçar um norte para a organização. Na definição dos valores, ficou claro que nossas diretrizes estratégicas seriam voltadas à intimidade com o cliente, seguida da excelência operacional e liderança de produtos.
O foco no cliente norteou o investimento em treinamento e qualificação para consolidar aquilo que sempre foi o desejo da equipe: ser especialista e referência naquilo que se propõe a fazer. O diferencial na entrega, a pessoalidade no atendimento e o equilíbrio entre empresa, cliente e colaborador — aliado ao conhecimento técnico e científico — fazem com que a empresa esteja em constante evolução.
Tecnologias de vanguarda aplicadas na operação e no negócio sempre foram o nosso norte e, por conta disso, o grupo se reinventou em 2019 e lançou um planejamento inspirado nas empresas de tecnologia. Adotamos a filosofia ágil de gestão e implementamos o setor de sucesso do cliente, para que a organização pudesse atingir sua meta de ser mais próxima e desejada pelo seu mercado.
Hoje, a empresa, 100% informatizada, disponibiliza desde a captação do ponto eletrônico nos postos de trabalho e apps de acompanhamento dos serviços para os clientes, até as reuniões de gestão nos dashboards do sistema BI. Com estas tecnologias, o Grupo consegue ter a agilidade, disponibilidade e segurança necessárias para continuar empreendendo no setor de serviços de segurança privada, limpeza e conservação, ao monitorar imagens, alarmes, rastreamento, venda e manutenção de equipamentos de segurança eletrônica e projetos integrados.
O senhor trabalha em uma empresa que tem entre seus principais objetivos oferecer soluções de segurança para seus consumidores. Como avalia o setor em que atua, do ponto de vista de oportunidades como também dos riscos que estão atrelados ao segmento?
Quando falamos em segurança privada, ainda temos muito para melhorar no nosso país. A atividade de segurança privada, que é uma concessão do estado, ainda carece de maior regulamentação. Parte dela foi atendida com a Lei 7.102/83 e suas portarias, mas a lei não abrange todo o setor e permite que empresas com estruturas extremamente desqualificadas possam atuar de forma irregular.
Um grande exemplo disso é a área de segurança eletrônica, onde temos muitas vezes profissionais que não têm treinamento, número inadequado de pessoas e tecnologias extremamente vulneráveis de monitoramento. O cliente tem uma sensação de estar seguro, quando, na verdade, ele está exposto ao risco, abrindo a porta da sua empresa, casa ou segurança pessoal para pessoas que muitas vezes têm envolvimento com o crime ou atividades ilícitas; mas a falta de investigação na hora de contratar uma empresa do setor faz com que o contratante entre muitas vezes numa fria.
Outra variável que afeta diretamente o setor é a mudança de legislação tributária ou trabalhista, que exige um acompanhamento sério e constante, pois não são poucas as vezes que as leis mudam significativamente o custo e o preço final dos produtos e serviços. Toda essa vigilância e governança necessárias para uma boa administração não se faz sem investimento em tecnologia e pessoas.
Aqui, mais uma vez, quem contrata deve estar atento para o tipo de gestão que a empresa terceirizada está fazendo. Afinal, o contratante tem a responsabilidade de monitorar o que a empresa faz, a fim de não responder solidariamente por eventuais irregularidades.
Em países mais desenvolvidos, as seguranças privada e pública trabalham em conjunto, porque é o investimento em segurança que torna determinado local ou país mais seguro. Investir em instalações físicas, projetos de segurança, segurança eletrônica e humana é uma contribuição para a prevenção e pacificação de uma sociedade organizada e justa.
Segurança é um conceito que tem suas raízes na educação, pois muitas vezes a cultura de segurança exige um certo grau de desenvolvimento intelectual e inteligência emocional. Entender que a segurança é um bem comum e uma forma de convivência pacífica é algo que precisamos difundir e evoluir para melhorar nossa qualidade de vida.
De que forma o senhor lida com o capital humano de sua empresa? Quais iniciativas vocês utilizam para evitar, por exemplo, a rotatividade em um nicho tão específico?
Nossas lideranças sabem que dentro dos nossos valores, isso desde a criação da empresa, a valorização do capital humano é inegociável. Programas de aprendizado para todos os níveis da organização têm sido o nosso grande diferencial, não somente nos nossos programas internos, mas também nas instituições de educação.
Nosso time é desafiado a buscar o conhecimento continuamente pelo hábito da leitura. O time de gestão é desafiado constantemente a buscar conhecimento nas obras de literatura mais diversas. As últimas mudanças que a empresa fez na gestão eram tão modernas que somente na literatura era possível de serem encontradas, muitas vezes em outro idioma.
Temos a filosofia de não somente ouvir, mas de ajudar a resolver, fazer parte da vida daqueles que estão em nosso time e que fazem parte do Grupo Segura. A empresa mantém há muito tempo uma área de assistencialismo social e um programa de atendimento aos colaboradores, que abrange áreas de Direito de Família, Saúde, Educação Financeira e Psicológica, entre outras, que são administradas sempre com o amplo aval da direção do Grupo Segura. Ter um grupo de pessoas diferenciadas sempre foi a nossa maior inspiração.
Como o senhor avalia o mercado de trabalho para os administradores que estão iniciando a carreira? Ainda vale a pena trabalhar para empresas ou, em sua visão, o melhor já seria começar empreendendo?
A profissão de administrador é na minha opinião umas das mais importantes profissões da atualidade. O que precisamos focar é na qualidade. Um administrador deve dominar uma ampla área de conhecimentos, que passam por contabilidade, finanças, pessoas, mercado de ações, direito, governança corporativa, logística e muito mais.
Quanto mais alto o cargo na organização maior a necessidade de conhecimento administrativo se faz necessária. Um CEO, por mais especialista que seja em uma determinada área, somente terá sucesso se ele dominar de forma sólida as demais.
Um CEO que conhece muito a operação, mas não tem conhecimento contábil, estratégico e financeiro não terá um desempenho pleno e perderá muito facilmente a sua credibilidade. Ser conhecedor de toda a grade curricular de um curso de administração com profundidade é um grande legado! Lembrando sempre que a graduação é somente o primeiro passo de uma vida de aprendizado na área acadêmica, por isso nunca pare de estudar!
Claro que a experiência e a inteligência emocional é algo que depende muito mais do tempo em que o administrador está inserido no mercado do que dos conceitos que ele aprendeu. Mas são duas coisas que crescem exponencialmente, quando o indivíduo está aberto a aprender e produzir novos conhecimentos.
Tenho sempre dito aos administradores que buscam informações comigo, que eles devem procurar crescer constantemente e aprender cada vez mais. O administrador deve ser um líder, mas deve saber fazer e saber ensinar de forma exemplar.
É preciso buscar literatura, ensino superior, cursos, comunidades de prática, eventos, network e tudo que estiver ao seu alcance para que eles sejam profissionais respeitados pelo seu conhecimento e capacidade de orientar, planejar, controlar e liderar empresas e pessoas em direção aos seus objetivos. Ser administrador na sua plenitude é ser uma referência em que todos tenham nele confiança e admiração.
Além do setor de segurança, o ‘Grupo Segura’ oferece serviços de limpeza e conservação aos seus clientes. O que motivou sua empresa a abrir nessa nova frente de serviços distintos do que já ofereciam?
Em 1994, um ano após a criação da primeira empresa do grupo, a demanda pelos serviços de limpeza e conservação cresceu significativamente. Os clientes da área de segurança, viam com muito bons olhos a gestão de uma empresa com experiência em segurança aplicada na limpeza e conservação.
O foco na qualidade, na especialização dos gestores e o quadro de colaboradores foi o que possibilitou a consolidação da limpeza profissional em nossa organização. Equipamentos, produtos e técnicas profissionais possibilitaram produtividade e a segurança de uma higienização plena do ambiente, dentro de uma filosofia de sustentabilidade e responsabilidade social — destaque para o assistencialismo social em que a empresa é referência e a reciclagem e revitalização de materiais e uniformes.
No setor de serviços de limpeza e conservação, a preocupação com a saúde anda junto com a necessidade dos clientes e colaboradores. Por isso, equipamentos, mecanização dos processos e tecnologia estão sempre presentes visando gerar qualidade nos serviços com conforto e proteção ao nosso time de colaboradores.