Saiba quais são os sinais de carreiras estagnadas e o que fazer para virar o jogo
Por Leon Santos
Em um mercado de trabalho em constante transformação, a ideia de uma carreira estagnada pode ser alarmante para muitos profissionais. A estagnação nem sempre é fácil de identificar, pois ocorre de forma sutil, ao longo de meses ou anos, e leva a uma sensação de insatisfação e frustração.
Segundo o administrador-doutor e professor do centro universitário UDF/ Cruzeiro do Sul, Melquezedech Moura, a estagnação na carreira pode ser identificada por sinais como falta de desafios e de oportunidades de crescimento e reconhecimento. Ele ressalta que existe até mesmo uma teoria (dos Dois Fatores, de Frederick Herzberg) que ajuda a entender o fenômeno.
Segundo o autor Herzberg, o ambiente de trabalho pode ser dividido em fatores higiênicos (tais como salário e condições de trabalho) e motivacionais (como reconhecimento e promoções). A ausência de fatores motivacionais, na maior parte das vezes, é a responsável por causar insatisfação e gerar estagnação dos colaboradores.
“Além disso, a Teoria das Necessidades de Maslow, que propõe uma hierarquia de necessidades humanas, sugere que uma vez que as necessidades básicas são atendidas, buscamos autorrealização. Quando essa necessidade não é alcançada, sentimos que estamos ‘parados’ na carreira”, destaca Moura.
A administradora-mestra e professora da PUC Minas, Cíntia Borges, concorda e, na mesma linha de pensamento, diz que é possível identificar a estagnação, quando não ocorrem movimentos diferentes da gestão para o envolvimento do colaborador em novas atividades, bem como em estratégias e participação em tomadas de decisão, dependendo do cargo. Ela também inclui na lista: 1) quando a rotina se mostra pesada e desmotivadora; 2) não há reconhecimento, feedbacks positivos, recompensas ou promoções e 3) nenhum novo conhecimento é gerado.
Cíntia destaca que uma carreira em progressão deve gerar um mínimo de motivação às pessoas para que busquem inovar em seu ambiente de trabalho. Ela destaca que isso não significa mudar de níveis hierárquicos a cada ano, nem ter aumentos salariais sequenciais, mas de ser lembrado para novas propostas da organização e novos desafios.
“Uma carreira em progressão deve oferecer ao profissional a oportunidade de se desenvolver, crescer e contribuir para o sucesso da organização. Quando esses elementos estão ausentes, é hora de refletir sobre as próximas etapas da sua jornada profissional”, diz Cíntia.
Reação
Sair da estagnação requer agir de forma estratégica. Para aumentar o valor de um profissional no mercado, um dos caminhos é investir em mais habilidades e conhecimentos específicos.
Pessoas com mais habilidades e conhecimentos são mais valiosas no mercado de trabalho. Isso inclui desde habilidades técnicas, como domínio de novas tecnologias, quanto comportamentais, como inteligência emocional e capacidade de liderar, segundo Melquezedech Moura.
“Esses investimentos tornam o profissional mais competitivo e atrativo para as empresas. Além disso, assumir projetos desafiadores e aumentar a visibilidade no trabalho pode melhorar as chances de reconhecimento”, diz Moura.
Outras dicas para sair da estagnação vêm de Cíntia Borges. Ela aconselha participar de cursos e eventos, aumentar a rede de networking, estar atento às inovações do mercado e aberto a mudanças, além de ter disposição para sair da zona de conforto.
Hora de sair
Se o profissional tem se posicionado de forma proativa, buscado aperfeiçoamento constante e, ainda assim, não recebe reconhecimento ou oportunidades de crescimento na empresa em que trabalha, é sinal de que é hora de sair. Mas a decisão de mudar de emprego deve ser tomada com cuidado.
Pesquisar bem sobre as empresas que interessam e conversar com pessoas que já trabalham lá são iniciativas prudentes e estratégicas. Segundo Cíntia Borges, um novo desafio pode ser a oportunidade para impulsionar a carreira, por isso é preciso buscar organizações que apresentam possibilidades de bem-estar e desenvolvimento profissional.
“Outras medidas importantes a serem consideradas são: considerar se a cultura da nova organização está alinhada com seus valores; se a empresa oferece plano de carreira e oportunidades de desenvolver suas habilidades; bem como se a empresa valoriza seus colaboradores e oferece um ambiente de trabalho estimulante. Além disso, verificar se além do salário há benefícios condicionados à qualidade de vida, e se você, como profissional, se orgulharia de fazer parte daquele espaço e daquela identidade organizacional”, resume a administradora.