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Especialista ou generalista?

Descubra qual perfil profissional é mais requisitado no mercado e qual vale mais a pena investir.

Por Leon Santos

O mundo tem se transformado rapidamente e de forma disruptiva. Em meio a tantas mudanças, estudantes e profissionais (iniciantes ou veteranos) se perguntam qual rumo profissional devem tomar ou qual estilo seguir.

Afinal, é melhor investir pesado em aprimoramento, e ser especialista em alguma área, ou ser mais generalista e versátil em diferentes segmentos? Para a consultora em recursos humanos da empresa em recolocação Lee Hecht Harrison (LHH), Caroline Reis, é preciso levar em conta primeiro o estilo de cada um, pois há pessoas que gostam de se debruçar sobre um tema e explorá-lo ao máximo, tornando-se expert no assunto, enquanto outros preferem ampliar sua expertise e navegar por inúmeras áreas ou perspectivas.

Caroline pondera que antes de optar sobre qual estilo seguir, o profissional deve definir quais são seus objetivos de carreira, e o que ele entende como vantagem ou o que é mais importante para si. Segundo a consultora, o que pode ser motivo de prazer para um, pode ser pesadelo para o outro; portanto, o mais importante é fazer algo que dê prazer e tenha significado.

“Foi-se o tempo em que as pessoas tomavam decisões de carreira pensando no que está na moda ou no que está dando mais dinheiro. Os profissionais, hoje, estão cada vez mais alinhados com a realidade de que o futuro é incerto e que mais importante do que seguir uma tendência é estar conectado com seu propósito”, complementa.

Vantagens e desvantagens

De acordo com Caroline, os dois perfis apresentam prós e contras. Embora os especialistas possam ter conhecimentos específicos, e se tornarem insubstituíveis para as organizações, por outro lado eles podem não sair do lugar na carreira, por serem imprescindíveis na função que exercem na atualidade.

A consultora explica que no início de carreira os profissionais especialistas levam vantagem em relação à remuneração, sobretudo, se for de uma área com alta demanda (de grande necessidade para as organizações) e escassez de talentos. Em contrapartida, se a área for de baixa demanda ou possuir grande oferta de talentos, sua especialização pode atrapalhar na recolocação.

Já aos generalistas que possuem experiências e conhecimentos mais diversificados, a falta de especialidade no início de carreira pode ser um empecilho. Por outro lado, a construção da carreira pode ser mais fácil, devido às múltiplas opções de atuação.

“Um grande desafio para os generalistas é destacar seus diferenciais, a fim de se tornarem mais valiosos para a organização. As empresas acabam promovendo mais perfis generalistas, por possuírem uma visão mais holística do negócio e habilidades multifuncionais, além de receberem mais promoções, acabam recebendo maiores remunerações no longo prazo”, revela.

Aprofundar ou não?

Segundo a administradora, Maria do Rosário Martins (conhecida como Zarinha Martins), também especializada em recursos humanos, quando há menor disponibilidade de profissionais que dominem alguma área (os especialistas), isso os torna mais valiosos e cobiçados pelo mercado. Tal realidade reflete tanto na valorização salarial quanto na forma como são vistos pelos colegas.

Outro fator apontado por ela como diferencial é que os profissionais especialistas são mais respeitados no mercado de trabalho, devido ao seu maior conhecimento e expertise. Com isso, tornam-se autoridades no assunto e são procurados para solucionarem problemas mais complexos.

Já o profissional de perfil mais generalista, quando possui olhar mais amplo e conhecimento aplicado, ele contribui de forma eficaz na tomada de decisões. Poderá, ainda, ser visto como aquele que pensa de fora da caixa.

“Na verdade, os dois perfis (especialistas e generalistas) são fundamentais para que a empresa alcance resultados. Porém, tendo em vista que os profissionais modernos precisam ter um pouco dos dois, torna-se imprescindível que eles tenham ainda Soft Skills (habilidades comportamentais) bem desenvolvidas, pois essas não são ensinadas em sala de aula”, ressalta.

Para a administradora, tendo em vista as novas mudanças e profissões que têm surgido nos últimos tempos, vale mais a pena hoje ser um especialista. Isso porque, segundo ela, o conhecimento profundo é importante para o mercado, e o profissional com esse perfil tem claro aquilo que o diferencia e ainda pode ajudar no processo de inovação que os novos tempos requerem.

Sobre os generalistas, Zarinha diz que eles são igualmente importantes, mas precisam ter bastante claro aquilo que fazem bem feito, bem como os fatores que os destacam de outros profissionais. Segundo a administradora, uma das dificuldades de tais profissionais é evidenciar entre as habilidades que possuem aquela que ele faz melhor e saber utilizá-la para chamar atenção do mercado e obter destaque para si.

“O mercado tem uma oportunidade ampla para generalistas, pois eles resolvem de tudo um pouco. Mas não pode ficar dependendo só do mercado: mesmo sendo generalista, ele deve se especializar em alguma coisa”, sentencia.