Área evita principais erros de gestão, e falta de conhecimento pode acarretar na falência da empresa
Por Leon Santos
Mais antigo do que a própria administração, o setor financeiro é promissor por diferentes motivos, entre eles, os salários robustos, a responsabilidade técnica nos trabalhos e por sua relação histórica com a profissão. Essencial para a existência das organizações, a administração financeira (área que se dedica ao tema), tem entre seus objetivos o planejamento, a fiscalização de operações e o controle sobre a destinação de todos os recursos.
Em âmbito organizacional, são os departamentos financeiros que viabilizam as atividades necessárias para geração de lucro e maximização de investimentos. Por meio do setor ocorre a entrada e saída de capital, investimentos e empréstimos (para viabilizar novos negócios), bem como o crescimento e estabilização da companhia no mercado.
De acordo com o administrador Joubert Fidelis, o papel de quem atua no segmento pode variar, porém ressaltou que as principais atividades são: 1) Planejamento e Controle Financeiro; 2) Gestão de Caixa; 3) Análise de Crédito e Cobrança; 4) Gestão de Contas a pagar e a receber; 5) Definição de custos e precificação e 5) Relacionamento com agentes financeiros.
Fidelis explica que o primeiro item, planejamento, exige visão ampla sobre a organização e sobre o mercado em que atua. A preocupação com diferentes cenários (curto, médio e longo prazos) aparece como fundamental para resolver diferentes demandas, uma vez que podem exigir quantias em maior ou menor vulto para realizações, como a expansão da empresa, atualização de maquinário ou mesmo necessidades imediatas.
“A gestão de caixa, por outro lado, é a função responsável pela utilização do capital pelos diversos setores da empresa. Existe uma luta contínua nesse quesito, pois os recursos são sempre menores do que as demandas, portanto, é preciso administrá-los de maneira a sempre manter em caixa um saldo suficiente para o pagamento das contas”, diz.
Outra importante função do departamento financeiro é realizar análise de crédito e cobrança. Na prática, o objetivo é minimizar a inadimplência no caso de vendas a crédito.
Na sequência, aparece a gestão de contas a pagar e receber, talvez a função mais rotineira e conhecida do setor. Porém, quando mal exercida compromete toda a Gestão de Caixa.
“Temos, ainda, a definição de custos e precificação, que sem a correta fixação de ambos podem comprometer os cofres da empresa e levá-la a sérios problemas financeiros. O relacionamento com agentes financeiros é outra atividade estratégica que pode levar à obtenção de uma série de vantagens competitivas à organização, tais como obtenção de crédito rápido e mais barato”, explica.
Estratégica
Durante o lockdown causado pela pandemia ficou evidente a importância do conhecimento em estratégias de administração financeira para manter as instituições em funcionamento. Entre os principais ativos necessários para a ocasião faltou o capital de giro, na visão da doutora em administração e professora da Universidade Federal de Goiás (UFG), Daiana Pimenta.
Segundo a pesquisadora, o capital de giro líquido (recurso disponível em caixa, menos a soma das despesas e das contas a pagar — com possibilidade de uso imediato) é um montante vencível em longo prazo que financia a empresa em períodos imediatos. Ela diz que a modalidade permite que a organização tenha recursos para se financiar e esperar o pagamento de clientes (duplicatas a receber), o que gera uma folga financeira para a instituição.
Principal parâmetro para tomada de decisões, Daiana vê o setor financeiro como um dos mais estratégicos das instituições. Ele seria o motor gerador de toda a estrutura organizacional, tendo em vista que movimenta os recursos para todos os campos: desde os projetos em andamento até os pagamentos mais triviais como água, luz e funcionários.
Para a professora, em geral, quando se pensa em um gestor financeiro vem à mente três ações: captar e investir (recursos financeiros) e distribuir lucros. Ela também ressalta o relacionamento com as instituições bancárias como uma das atribuições estratégicas, sobretudo, para grandes projetos.
Ao captar recursos mais caros, Daiane explica que dificilmente a organização conseguirá projetos de investimento, cujo retorno seja suficiente para gerar viabilidade. Além disso, caso selecione mal as destinações, a instituição pode destruir valor e ter problemas com o fluxo de caixa e com os proprietários.
“Finanças não é algo operacional ou não deveria ser. As decisões tomadas, e suas implicações, podem ter um forte impacto sobre o sucesso ou até mesmo causar a falência de uma empresa”, finaliza.