Protagonista nas empresas, desde há alguns anos o setor promete mais revolução e deve surpreender consumidor com tecnologias de última geração
Por Leon Santos
O setor de logística tem passado por uma revolução impulsionada, sobretudo, por avanços tecnológicos, com grande ênfase na sustentabilidade. As novas mudanças tendem a transformar a maneira como as empresas gerenciam suas cadeias de suprimentos, bem como aumentam a eficiência e reduzem impactos ambientais.
A automação continua a ser um dos principais motores de inovação no setor, com armazéns inteligentes equipados com robôs autônomos, que têm se tornado cada vez mais comuns em grandes empresas. A inteligência artificial (IA) é outro recurso que tem desempenhado protagonismo, ao otimizar rotas de entrega e prever demandas com maior precisão.
Segundo a administradora-doutora Marli Tacconi, são muitas as novidades nas operações logísticas, que incluem a logística verde (garante a sustentabilidade em cada fase do processo logístico) e a logística omnichannel (que otimiza o uso dos espaços físicos para armazenamento, diminui os custos logísticos de operação, além de agilizar o processo de entrega ao consumidor final). Ela ainda destaca o crescimento da economia compartilhada — parceria entre empresas que compartilham um objetivo, ou necessidade comum, e buscam automatizar o processo logístico — e das soluções em nuvem, que permitem o monitoramento completo de todas as etapas da entrega.
E as novidades não param por aí: Marli ressalta o crescimento expressivo da robótica em empresas de logística (representa aumento da produção e da eficiência empregada), uso de drones (agiliza o transporte) e análise de Big Data (facilita o cruzamento de informações e posterior análise). Outras inovações dos últimos anos são os usos da impressão 3D (reduz a quantidade de carga nos armazéns e faz produtos sob demanda) e da Internet das Coisas — que faz com que diferentes dispositivos conversem entre si, como redes de rastreamento de carga, sistema de roteirização e softwares de gestão de estoques e de controles de custos operacionais.
Outras tecnologias que ao se popularizarem devem agregar mais valor à logística e até mudar a realidade local são o blockchain (ajuda aprimorar a rastreabilidade dos produtos, aumenta a transparência e reduz custos e fraudes) e tecnologias sem fio de última geração (para transmissão de dados, mesmo a grandes distâncias). Já aqueles que prometem de fato revolucionar o setor são os contêineres inteligentes (fornecem rastreamento e monitoramento em tempo real) e o transporte Hyperloop — um tubo que lembra uma linha de trem, por meio do qual uma cápsula (meio de transporte) pode viajar livre de resistência do ar ou atrito, transportando pessoas ou objetos, em alta velocidade.
“A implantação dessas inovações são benéficas ao mundo corporativo, mas o seu gerenciamento não é um processo simples ou rápido. Para facilitar, é útil organizar um roadmap tecnológico que deve integrar estratégias, processos, pessoas, tecnologia e os lançar em um modelo de gestão que transforma o planejamento em ação”, diz Marli.
Gestão e mercado
De acordo com Cris Kalkmann, administradora e coordenadora de sistema de qualidade na BDN LOGISTICS, o papel do administrador no atual mundo da logística é complexo e variado, pois engloba etapas de planejamento, até a organização de todo o mapeamento dos processos produtivos e de controle de resultados. Ela também inclui na lista o suporte a lideranças, fomento à maturidade da gestão, monitoramento, medição, análise e avaliação de performance do negócio.
“O administrador ainda pode multiplicar parte de suas atribuições e focar, desde que habilitado, na inspeção ou auditoria de processo, não incluindo apenas o transporte. O serviço dos gestores engloba atividades que vão desde o acompanhamento da nacionalização de mercadorias, passando pela entrega no cliente final, além de atividades relacionadas ao armazenamento temporário, apontamentos de conformidades ou de soluções para possíveis irregularidades”, explica Kalkmann.
Já com relação ao comportamento do mercado de logística, a principal tendência é a impaciência do consumidor ao esperar qualquer produto. Por isso, a entrega no mesmo dia (Same Day Delivery) tem crescido e pode ser considerada a nova fronteira da logística, e a direção que a maioria das empresas têm perseguido.
Marli Tacconi explica que o Same Day Delivery tem tornado os clientes cada vez mais exigentes, porque sabem que podem solicitar mais velocidade e qualidade nos serviços de entrega. Para concluir o processo no mesmo dia, muitos recursos vêm sendo desenvolvidos para a última milha (fase de entrega ao consumidor), como o uso de drones que reabastecem o caminhão no meio do caminho com pedidos recém-chegados. Mesmo assim, a atual velocidade tecnológica não tem sido acompanhada pela maioria da população e nem pelos colaboradores de muitas empresas.
“Não adianta a empresa apenas adquirir e implantar tecnologias se a mudança não incluir um processo de aprendizagem dos colaboradores. Senão, o que teremos é uma empresa com tecnologias de ponta, mas atuando via condutas analógicas. Dessa forma, não existirá mudança real na melhoria dos processos logísticos, mas sim apenas custos reais pela tecnologia implantada”, sentencia.