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Vitais para a carreira, modelos são pouco conhecidos pelos brasileiros

Escolher o tipo de carreira e entender as consequências da escolha são condições essenciais para um futuro promissor e mais tranquilo 

Por Rodrigo Miranda 

Muitos já devem ter ouvido a história de um parente ou de alguém que passou a carreira inteira ou a maior parte dela em uma mesma empresa, e se aposentou no mesmo lugar. Com o passar dos anos, situações como essas têm sido cada vez mais raras, diante do novo cenário socioeconômico enfrentado no mercado de trabalho pelas novas gerações. 

Ainda assim, a busca por crescimento e progresso na carreira segue como um dos principais objetivos dos profissionais que desejam alcançar o sucesso. Entre as principais estratégias para chegar ao topo, estão a carreira vertical e a carreira horizontal, que apresentam diferenças significativas com vantagens e desvantagens. 

A carreira vertical é basicamente a história que ouvimos de parentes, citada no início da matéria. É uma estratégia que visa a ascensão profissional em uma única empresa, passando de cargos mais baixos para cargos mais altos. 

Tal modalidade tem como característica uma hierarquia clara e bem definida. Os profissionais devem seguir uma trajetória de crescimento linear, de acordo com as regras da organização. 

Já a carreira horizontal é um caminho que permite ao profissional desenvolver habilidades e competências em diferentes áreas ou setores, sem precisar seguir uma trajetória linear de ascensão. Nesse caso, o profissional busca ampliar seu conhecimento e experiência em diferentes áreas — sem necessariamente ocupar um cargo de liderança. 

Henrique Veloso, doutor em administração e professor universitário da ‘PUC Minas Virtual’, destaca que ambas as formas de pensar a carreira são válidas. Cabe ao profissional ser protagonista para determinar o que será melhor para ele em longo prazo. 

“Tanto a carreira vertical quanto a horizontal são formas de promover a evolução de um profissional em uma organização. Esses conceitos surgiram essencialmente quando se pensava que o indivíduo iria passar grande parte de sua vida profissional na mesma empresa; assim, as organizações previam essas duas possibilidades de valorizar o indivíduo em termos de carreira”, diz Veloso.

 Vantagens e desvantagens 

Se você é aquele profissional que tem como foco ascensão rápida e busca novas funções e responsabilidades dentro da mesma empresa, a carreira vertical é a escolha mais apropriada. Um dos principais benefícios é que essa opção permite uma construção sólida na relação com os colegas e superiores, além de proporcionar estabilidade financeira já que a progressão de cargos oferece benefícios. 

Uma das desvantagens, no entanto, pode ser a monotonia, bem como o fato de o trabalhador cair em uma zona de conforto. Com isso, pode perder oportunidades de explorar novas áreas de atuação, até mais rentáveis. 

Já na carreira horizontal os funcionários podem diversificar conhecimento, ao desenvolver habilidades em diferentes áreas. Podem, ainda, ter um perfil maior de liderança, com crescimento profissional por meio de projetos desafiadores e novas experiências. 

Por outro lado, na horizontalidade também há desvantagens. Entre elas estão o baixo reconhecimento financeiro, a estagnação — pode ocorrer limitação para o desenvolvimento profissional dentro de uma empresa — e também a falta de clareza nas progressões salariais e profissionais. 

Para Leandro Vieira, administrador e CEO do ‘Administradores.com’, o profissional precisa saber avaliar o que os contratantes buscam, na hora de definir qual será sua opção de carreira. Ele recomenda observar critérios como desenvolvimento de competências, capacidade de atingir metas e Soft Skills: em especial, a adaptabilidade. 

“Os contratantes estão observando muito as competências socioemocionais e a capacidade de adequação à cultura organizacional, sobretudo, para cargos mais altos, onde a avaliação curricular tem menos peso. É mais complicado para um profissional tecnicamente capacitado, mas com perfil mais rígido, se encaixar na cultura de uma empresa; do que para um profissional com menos destaque, porém com mais maleabilidade desenvolver as skills para aquele cargo”, avalia Vieira. 

Plano de carreira 

Para optar por uma das opções, vertical ou horizontal, o indivíduo deve ter em mente um planejamento bem definido. A empresa precisa também levar em conta as ambições dos colaboradores e elaborar um plano para reter talentos, além de  estimular novas competências, diminuir o número de trabalhadores desestimulados e manter a produtividade e o desempenho da organização. 

“Esqueça o conceito de carreira como uma consequência de cargos. É comum as pessoas pensarem em mudança de posições, mas hoje precisam enxergar a carreira como um conjunto de competências que vão levá-las a outro estágio, dentro ou fora da empresa”, diz o administrador-doutor Henrique Veloso. 

Já para o administrador Leandro Vieira o mais importante é questionar-se frequentemente sobre as próprias habilidades e aderências em termos de qualificações. Sem isso, ao primeiro sinal de desemprego, será muito mais difícil voltar ao mercado. 

“Tem gente que repete o que fez desde o primeiro ano de casa, mas se ele for demitido, como buscará recolocação em um mercado totalmente diferente de quando ele teve sua carteira assinada? A gente precisa ter cuidado com essa questão do tempo, pois não é isso que vai definir se vale a pena ou não ficar em uma organização: o tempo de casa não quer dizer nada, mas sim o que você fez durante esse tempo”, finaliza.

Essa é uma matéria da RBA ed. 153 – publicação do Conselho Federal de Administração (CFA).