Por Ana Graciele Gonçalves
O mundo já vive a Quarta Revolução Industrial, em que já se discute o papel da inteligência artificial como autora ou coautora nos processos, porém, boa parte das empresas brasileiras ainda nem digitalizou todos os seus dados. E por que digitalizar os dados?
Definida como ação de tornar digital tudo o que é analógico, a digitalização pode ser aplicada, como exemplo, no ato de criar cópias de tudo o que existe fisicamente e que podem ser inseridas e processadas (editadas ou trabalhadas) em um computador. Pense naquelas fotos físicas de família ou documentos que podem ser escaneados e tornar-se um arquivo de computador (foto digital).
Em setores como o marketing, a transformação digital e o avanço da Inteligência Artificial (IA) são essenciais para potencializar o negócio e criar um relacionamento com os consumidores. Segundo pesquisa da agência Canto, mais da metade das equipes de marketing possuem armazenamento fragmentado, o que dificulta o acesso e a organização de informações.
A empresa relata que mais de 10 mil arquivos diversos são perdidos nos sistemas das equipes, enquanto 7 mil arquivos relevantes não são devidamente organizados pelas empresas. Tal problema seria resolvido com a digitalização.
De acordo com o administrador e vice-presidente da ‘Confraria dos Profissionais de Marketing de Mato Grosso do Sul’, Tharley Teixeira, os dados digitais permitiriam que as organizações coletassem uma quantidade significativa de informações valiosas sobre clientes, tais como comportamento de compra, preferências e interações com a marca. “Sem uma estrutura digital robusta, as empresas perdem informações que poderiam subsidiar, com maior assertividade, suas estratégias de marketing”, diz.
Oportunidades
A digitalização também permite a segmentação e a personalização eficientes das campanhas de marketing, com base nas preferências e características específicas de seus clientes. Segundo Tharley, com sistemas apenas automatizados, as organizações têm dificuldade em coletar informações detalhadas sobre os clientes e, com isso, não conseguem personalizar suas mensagens de forma eficaz, o que resulta em campanhas de marketing menos direcionadas e menos eficientes.
Do ponto de vista da integração de canais, o administrador aponta que a digitalização viabiliza estratégia de marketing integrado, em que os diferentes canais — como mídias sociais, e-mail, website, aplicativos móveis, entre outros — podem ser sincronizados e alinhados para oferecer uma experiência coerente ao cliente. Segundo Tharley, sem uma abordagem digital abrangente, as organizações podem operar em ‘silos’ (desencontro de informação e desalinhamento entre departamentos) e não conseguir aproveitar as sinergias entre os diferentes canais.
Sistemas com baixa digitalização podem fazer com que as empresas tenham processos mais lentos e burocráticos, o que dificulta resposta rápida às mudanças de mercado. O administrador comenta que isso pode resultar em perda de oportunidades e em uma capacidade reduzida de capitalizar as tendências emergentes.
“A falta de presença on-line, robusta, e de estratégias de marketing digital ainda podem limitar a visibilidade da marca e reduzir sua capacidade de competir com concorrentes que estão mais bem posicionados digitalmente”, afirmou.
Desafios e oportunidades
O especialista em marketing, Guilherme Minuzzi, acredita que o futuro do segmento está, de fato, na organização digital das empresas. Segundo ele, as pessoas estão cada vez mais dependentes de serviços digitais, e com o aumento do trabalho remoto, a digitalização das empresas ganha importância ao conectar as pessoas que trabalham à distância e manter o nível de entrega padronizado.
Minuzzi diz, ainda, que um dos desafios da área é a racionalização dos investimentos em marketing. Para contornar a situação, ele recomenda ter acesso facilitado às métricas de sucesso da empresa, pois ela é fundamental para justificar os investimentos na área.
“Primeiro, é necessário ter processos bem delimitados e uma compreensão dos principais KPIs da área para saber o que medir. O desafio aqui é evitar entrar na analysis paralysis, que, em uma explicação mais prática, é quando fazemos análise excessiva de dados, mas sem tomar nenhuma ação efetiva”, alertou.