Entenda quais são e como funcionam as funções do benchmarking na prática
Por Leon Santos
Termo conhecido no meio da administração, mas por vezes pouco explicado, o benchmarking se tornou sinônimo de pesquisa sobre produtos e serviços dos concorrentes. O significado tem, no entanto, muitas outras conotações, com seus próprios tipos e finalidades.
Com trabalho ancorado na observação e análise de ações das empresas mais bem ranqueadas de cada setor, o benchmarking busca atualização e novas soluções para problemas semelhantes ou parecidos — com as devidas adaptações, de acordo com a cultura de cada instituição. Tem como alvo as práticas de negócio e podem ser classificadas de modo geral em competitivo, genérico, funcional, interno e de cooperação.
O benchmarking competitivo é o mais conhecido por utilizar os concorrentes como parâmetro para avaliar o posicionamento da empresa, diante de modelos de negócio, produtos e serviços. Tem entre seus objetos de mensuração o faturamento e o crescimento dos concorrentes, e pode utilizar clientes ocultos e até mesmo consultorias externas contratadas para avaliar o mercado concorrencial.
Outro tipo popular de benchmarking é o genérico, que compara indicadores de desempenhos e processos de uma empresa com organizações de outros setores. Seu estudo visa compreender como os processos analisados podem ser incorporados em diferentes segmentos, de forma a identificar pontos de melhoria.
O terceiro tipo é o benchmarking funcional, que compara funções similares dentro do mesmo segmento ou área de atuação e tem como objetivo fazer a instituição aprender práticas e estratégias mais eficazes — adotadas por outras organizações que se destacam em áreas específicas. Sua principal contribuição é desenvolver novas práticas dentro de uma organização, de modo a se tornarem mais eficientes, como as empresas que são cases de sucesso.
Já o benchmarking interno tem como objetivo principal a máxima socrática “conheça a ti mesmo”: ele compara indicadores de diferentes setores, unidades e filiais da mesma instituição. O objetivo é avaliar e entender os níveis de produtividade e aprimorar atividades que surgiram ou se desenvolveram dentro da empresa para então replicar na própria organização.
Outro tipo que tem ganhado espaço no mercado é o benchmarking cooperativo. É quando empresas, geralmente não concorrentes, fornecem dados umas às outras, de forma cooperativa, em prol de buscar melhores práticas e soluções. Nele acontece troca de experiências, em grupos de trabalho, com pessoas de ambas as instituições, momento em que mostram resultados, metodologias de trabalhos e as conquistas.
Princípios
Segundo o professor dos cursos de graduação e mestrado da FGV/Ebape, José Mauro Nunes, o benchmarking possui princípios, e são eles: reciprocidade, analogia, medição e validade. A primeira delas, a reciprocidade, é quando o processo de benchmarking é fundamentado na mutualidade; ou seja, quando as empresas envolvidas no processo estabelecem um processo de colaboração com troca de informações, em uma relação ética — quando as duas ganham com a parceria.
A analogia é quando os objetos ou focos de benchmarking (produtos, serviços, práticas, processos, experiências e estratégias) devem possuir algo em comum, para que possam ser adotados com as devidas adaptações — é a prática de comparações de processos, práticas, produtos e resultados. “Já por medição, entende-se a comparação por desempenho de um processo; é a prática a ser identificada e implementada pelos demais colaboradores de uma empresa”, diz Nunes.
Quanto à validade, segundo Nunes, é o princípio básico de que os dados devem ser a base do processo de benchmarking, pois o objetivo é a adoção de práticas de negócio que tragam resultados para a organização. “Quanto a isso, impõe-se o adágio fundamental (ditada ou máxima) a qualquer tomada de decisão: os fatos estão acima dos argumentos, não importando o quão bem formulados esses últimos sejam”, diz o professor.
Importância
De acordo com a professora dos cursos de administração e publicidade da Universidade Federal Fluminense (UFF), Lilian Ribeiro, o benchmarking é fundamental em qualquer planejamento, seja de negócios ou de marketing, e até mesmo em diferentes áreas como recursos humanos e na área financeira. Segundo Lilian, ele pode ser aplicado em qualquer segmento, onde existe o aprimoramento do conhecimento, via estudos e análises de processos, sejam eles de concorrentes e processos.
Ainda segundo a professora, para realizar um bom benchmarking alguns cuidados devem ser tomados. O primeiro deles é com relação ao planejamento; por isso ela diz que é preciso identificar qual tipo de benchmarking será escolhido e se ele será pontual ou contínuo.
“Uma coisa que reforço muito em sala de aula é a necessidade de pensar: números estão ali para ajudar, mas não tomam decisão. Apontam caminhos, no entanto, a capacidade analítica é fundamental; além disso, não podemos ignorar a informação, o dado; temos que fazer as análises e adaptações de forma realista”, finaliza.