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Entrevista Especial RBA 153 – Ministro Jader Filho

Jader Filho, ministro das Cidades, fala sobre sua trajetória na administração e os novos desafios à frente de uma das mais estratégicas pastas governamentais

Por Leon Santos

Gestor de uma holding paraense, o ministro das Cidades Jader Filho fala sobre sua trajetória na administração e sobre os novos desafios agora como gestor público. Administrador de formação, Jader Fontenelle Barbalho Filho (mais conhecido como Jader Filho) é um empresário paraense — filho do senador Jader Barbalho (MDB-PA) e da deputada Elcione Barbalho (MDB-PA), e irmão do governador de seu estado, Helder Barbalho.

Antes de entrar para a política, ele trabalhou como empresário e comandou o grupo de Comunicação RBA (sem relação com esta publicação), um dos maiores do norte do país. Sob sua gestão, o jornal ‘Diário do Pará’ tornou-se o periódico de maior circulação no estado, segundo o Instituto Verificador de Comunicação (IVC) — com média de 600 mil exemplares por mês.

Como CEO do grupo RBA, em sua gestão o portal Diário On Line (DOL) consolidou-se como líder de audiência na região com média de mais de 19 milhões de visualizações por dia. O grupo empresarial também retransmite a programação da ‘TV Bandeirantes’, no Pará, e possui emissoras de rádio de grande audiência no estado.

Atualmente, Jader Filho é ministro das Cidades, do governo Lula, e falará nas linhas a seguir de sua trajetória profissional como administrador e agora como político. Ele revela alguns dos planos que tem para a pasta que comandará e conta um pouco do que pretende mostrar nos próximos anos.

RBA – Conte um pouco de sua trajetória pessoal, educacional e profissional: desde as primeiras vocações, anseios e dúvidas profissionais do passado até chegar ao ponto mais alto que ocupou no Grupo RBA de Comunicação.

Comecei em 1994 como gerente de circulação do ‘Diário do Pará’, depois passei por todos os segmentos da empresa. Tive três pessoas que foram relevantes em minha trajetória na empresa. O meu avô, Laércio Barbalho, o Camilo Centeno e o Francisco Melo. São as três pessoas que me receberam e me deram as informações necessárias para que eu pudesse entender e aprender como era o funcionamento da empresa. Sem falar obviamente dos ensinamentos de meu pai e minha mãe (senador Jader Barbalho e deputada federal Elcione Barbalho). Foi um desafio importante, porque naquele momento não existia o ‘Departamento de Circulação’. Ele precisava ser criado. Eu tinha acabado de me formar na Universidade da Amazônia em administração. Foi como aprender a teoria na universidade e a prática na empresa.  Com o tempo, fui passando pelos outros departamentos, entendendo sobre produtos, marketing e vendas. Obviamente, fui crescendo internamente com a ajuda de diversos profissionais de cada uma destas áreas. Assim, também fui tomando pé dos demais veículos de comunicação até chegar à presidência do Grupo RBA.

2- O senhor vem de uma família de políticos paraenses de renome e tem forte ligação com o meio empresarial. Agora, como ministro das Cidades, entre os diversos programas que o senhor comandará, qual deles é o mais importante ou significativo para o senhor e por quê?

O meu maior objetivo como gestor do ‘Ministério das Cidades’ é retomar ações, projetos e programas que atendem diretamente a quem mais precisa. É criar e impulsionar programas que atendam à população, sobretudo, aos que mais precisam. Quando assumi existiam obras em 82.722 unidades habitacionais que estavam paralisadas. Retomamos o ‘Minha Casa, Minha Vida’, e em três meses entregamos 5.057 residências e retomamos obras em 6.637 moradias. Nos próximos dias vamos entregar mais 4.160 residências e retomar as obras em outras 3.295. Estamos trabalhando para cumprir a meta que o presidente Lula nos deu, de contratar nos próximos quatro anos a construção de 2 milhões de novas unidades habitacionais. No momento, o governo está editando dois decretos na área de saneamento que vão gerar um investimento de R$ 120 bilhões e realizar obras de esgoto, coleta de lixo e no fornecimento de água potável de qualidade para 29 milhões de brasileiros. Estamos debatendo a redação de portarias que vão acelerar as obras do Minha Casa Minha Vida, criando condições para atender a ‘Faixa 1’ da população — as famílias com renda mensal de até R$ 2.640,00. Mas há mais para mostrar. Na área do saneamento, 54 mil famílias foram atendidas e 150 obras de mobilidade urbana foram concluídas em 141 municípios de 16 estados. O presidente Lula foi muito sábio em retomar o Ministério das Cidades. É nas cidades que as políticas públicas precisam chegar para atender diretamente à população.

3- Alguns dos problemas de alta complexidade no Brasil são o saneamento básico e a mobilidade urbana. O que o senhor pretende fazer para melhorar esses dois quesitos?

Saneamento básico e mobilidade urbana são serviços essenciais que influem diretamente na qualidade de vida da população. O Ministério e o governo estão atentos a isso. Os Ministros e técnicos do Ministério das Cidades e da Casa Civil discutiram os novos decretos que permitem a retomada de investimentos públicos para a universalização do saneamento. Era preciso mudar, pois com a legislação que estava em vigor 1.113 municípios não poderiam investir em saneamento, instalação de esgotos, tratamento de lixo e garantir água potável de qualidade. Para chegar a esta mudança de regras nos sentamos com os dirigentes das estatais estaduais e com representantes da iniciativa privada. Queremos garantir que em 2033, como prevê a legislação vigente, estes serviços estarão universalizados. Na área da mobilidade urbana, herdamos do antigo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), 25 contratos no valor de R$ 4,36 bilhões. Além disso, com investimentos do FGTS são mais 236 contratos num valor total R$ 14,65 bilhões para Qualificação Viária e Transporte Público Coletivo Urbano. Estamos ainda, avaliando 870 contribuições de cidadãos, empresas, instituições públicas, movimentos e organizações da sociedade civil para construir um novo marco nesta área. Com tarefas na Habitação, no Saneamento e na Mobilidade, tenho grande responsabilidade no esforço do presidente Lula para melhorar a vida dos brasileiros e estimular o investimento.

4- Como administrador, e olhando para a economia brasileira e para o mercado mundial, como o senhor avalia ‘em que’ ou ‘em qual setor ‘o Brasil pode contribuir em termos de inovação? Em outras palavras, qual área da economia o Brasil tem grande potencial, mas é pouco explorada?

Acredito que uma das grandes virtudes do Ministério das Cidades é desenvolver programas e criar projetos sociais capazes de gerar milhões de empregos, e deles virão a inovação. Estamos mais engajados na meta do governo do presidente Lula de aumentar a renda dos brasileiros e multiplicar os investimentos. Cada obra contratada ou retomada no setor de saneamento e pelo ‘Minha Casa, Minha Vida’ estimula o investimento, sobretudo, na indústria da construção civil.

5- Um dos grandes problemas que vemos atualmente na política brasileira é na comunicação, ou seja, dar visibilidade para o que está sendo feito na política. Como empresário do setor de comunicação, como o senhor fará para dar visibilidade aos programas de sua pasta, em um Brasil tão polarizado?

Uma das principais prioridades do Ministério das Cidades é entregar as obras que estão em andamento e retomar as que ainda estão paralisadas. É isso que o brasileiro quer, e é isso que vamos fazer e comunicar. Em paralelo, vamos mostrar a retomada, receber novas contratações e novos projetos que as prefeituras e os governos estaduais vão apresentar. Em breve, um novo pacote de obras será anunciado pelo governo federal. O Brasil terá de volta sua confiança, sua prosperidade e a capacidade com que nossa economia volte a girar.

6- O que o senhor espera conquistar até o final de seu mandato como ministro, e pensando nas várias possibilidades no meio empresarial e na vida política, quais são seus planos e ambições para o futuro?

A retomada do Minha Casa, Minha Vida com entregas, novas contratações e aprimoramentos já é um grande legado para o país. Avanços efetivos que impactam diretamente na qualidade de vida da população nas áreas de saneamento ambiental e mobilidade urbana. Queremos deixar ao final da nossa passagem pelo ministério também a relevância do enfrentamento e da retirada das famílias que vivem em encostas ou em moradias de palafitas. A ‘Secretaria Nacional de Políticas para Territórios Periféricos’, recém-criada pelo governo do presidente Lula, tem a relevante missão de urbanização de assentamentos precários e a melhoria habitacional de projetos e obras de contenção de encostas em áreas urbanas. A Prevenção de Risco também está sob nossa responsabilidade. Estamos analisando todas essas áreas de alto risco e o que é preciso fazer para que não ocorram mais mortes, e que famílias não vivam mais com medo de perder seus familiares e os bens que construíram durante toda a sua vida.