Além de ser um diferencial competitivo, o setor é locomotiva do E-Commerce e da produção nacional

Por Rodrigo Miranda e Leon Santos

A logística tem sido uma das áreas mais promissoras no mercado nacional, e um de seus segmentos que tem chamado mais atenção pela eficiência e importância é a gestão de frotas. Caracterizada por manter os serviços operacionais relacionados aos veículos da empresa funcionando de forma eficiente, ela proporciona ganhos financeiros — mesmo em organizações que não têm o transporte como atividade fim — e ainda ajuda na economia da empresa e em resultados de satisfação do cliente.

Segundo dados da empresa de tecnologia TOTVS, com um sistema de gestão de frotas, é possível reduzir até 30% dos custos de entrega. Além disso, com frota de mais de 100 milhões de automóveis, segundo o IBGE, o Brasil tem grande potencial para tal mercado, mas ainda explora pouco o mercado de entregas rápidas.

A união entre recurso tecnológico e oportunidade, presentes no país, fazem com que o setor seja a grande aposta de competitividade no país. Com a gestão de frotas, é possível analisar todo o cenário, de ponta a ponta, considerar dificuldades e peculiaridades de materiais ou produtos transportados, os tipos de rotas e a segurança no trajeto — antes de implementar uma otimização.

O setor ainda se preocupa com o investimento em cada serviço, integração tecnológica e segurança de dados. Além disso, contempla assuntos como escalabilidade do negócio, treinamento de condutores, segurança, Compliance (conformidade legal) e até com a relutância por parte de colaboradores ou condutores em aceitar mudanças.

Gestão e tecnologia

Para Eduardo Canicoba, vice-presidente e country manager Brasil da Geotab —empresa de hardware e internet das coisas—, qualquer organização que considere a frota como parte fundamental da própria oferta precisa garantir que a gestão seja prioridade. Ele acrescenta que o uso da tecnologia é fundamental para o acompanhamento dos processos em tempo real, e para garantir melhor tomada de decisão, reduzir custos e criar mais segurança, eficiência e produtividade.

Por outro lado, ainda que a tecnologia seja fundamental para a logística moderna, Canicoba acredita que aspectos de gerenciamento de processos e pessoas ainda são pontos cruciais para obter sucesso no mercado. Por isso, investir internamente, sobretudo na capacitação dos colaboradores, deve ser prioridade já que o setor exige cada vez mais especialização para utilizar diferentes recursos.

“A gestão de frota é o ponto crucial para decidir se o negócio será bem-sucedido, ou não, e vai além de apenas fazer entregas em tempo hábil, com custos competitivos. Fora as metas a serem batidas, as equipes devem focar no aprimoramento contínuo — já que, cada vez mais, existem soluções tecnológicas capazes de auxiliar na otimização da frota, tais como ferramentas baseadas em big data e analytics”, acrescentou.

Insights

Para Julio César Fassa, CEO da empresa ‘Contele Rastreadores’ e criador da metodologia ‘FPT – Frota para Todos’, as possibilidades de avanço na área são imensas. Mas, no Brasil, ainda é preciso fazer com que muitos adotem o básico.

“Para fazer uma boa gestão de frotas, você não precisa necessariamente de grandes investimentos ou grandes tecnologias. A gente tem aqui a solução com telerrastreador que tem o aplicativo do motorista — onde ele coloca os dados de abastecimento e já recebe um sinal que indica se bateu a meta ou não —, só que esse é um cenário que é pouquíssimo explorado pela maioria das empresas”, destacou.

Já o vice-presidente da Geotab, Eduardo Canicoba, acredita que para alcançar os objetivos estipulados, o gestor precisa compreender todas as necessidades do empreendimento para definir planos e ações estratégicas de acordo com a demanda. Segundo ele, nesse momento é importante conseguir responder perguntas como: quais objetivos pretendem ser alcançados? Quais são os gargalos? Vai precisar de capacitação?

O executivo destaca que existem soluções telemáticas que são importantes no processo de geração de insights (perguntas e ideias importantes) e ajudam a melhorar a eficiência, a economizar combustível e diminuir a emissão de poluentes. Também fornecem dados como o modo de condução do motorista e as condições do motor, mediante a integração entre softwares e monitoramento por vídeo.

“Existem as necessidades e objetivos de cada negócio, de acordo com seu segmento e tamanho da frota. As empresas podem utilizar softwares de gerenciamento de frotas para rastrear e supervisionar diferentes tipos de veículos: desde automóveis de passageiros e caminhões, vendas e serviços, até cadeia de suprimentos, petróleo e gás, bem como serviços de emergência e de locação de veículos”, esclarece.

Terceirização

Outra opção buscada por empresas que não conseguem fazer a própria gestão de frotas de forma eficiente tem sido a terceirização. Entre os benefícios obtidos estão a não preocupação com mais um setor para administrar, bem como a comodidade de ter uma empresa profissional no ramo entregando um serviço de qualidade e com rapidez.

“Em ambas as situações (veículos próprios ou terceirizados), se você tem um alto custo com a frota, o seu custo de produção fica alto também e, com isso, ou você diminui a margem (de lucro), o que é ruim, ou fica anticompetitivo no mercado. O melhor dos mundos é que exista uma gestão de frotas por excelência para que a empresa tenha o menor custo por quilômetro possível e fique mais competitivo”, finaliza.