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Resiliência Organizacional, em qual base sua empresa é firmada?

Especialistas apontam o termo como chave para superar desafios e garantir o sucesso empresarial

Por Ana Graciele Gonçalves

Empreender não é tão simples quanto parece. Além de planejamento, criatividade e determinação, é preciso uma boa dose de paciência e capacidade de suportar pressão para lidar com os desafios que vêm pelo caminho.

Mas o que leva uma empresa a enfrentar períodos turbulentos e dar a volta por cima? O segredo está na resiliência organizacional, termo que tem ganhado cada vez mais destaque no mundo empresarial.

Trata-se da capacidade de uma organização se adaptar e se recuperar, rapidamente, diante de situações de crise, mudanças repentinas ou eventos imprevisíveis. “Empresas resilientes colocam o foco em fortalecer uma cultura organizacional de pertencimento e autorresponsabilidade”, explica a analista de inteligência de mercado do Sebrae Alagoas, Pryscilla Lira.

No atual cenário de transformações constantes, a resiliência corporativa tornou-se ainda mais relevante; seja para garantir a continuidade dos negócios, manter o valor da marca ou para proteger os funcionários e clientes. E ela ainda agrega outros benefícios.

As empresas resilientes tendem a se destacar no mercado e a enfrentar melhor a concorrência. A mestra e doutora em administração, Cláudia Cavalcanti, explica que a resiliência está na capacidade de identificar riscos potenciais, elaborar planos para atenuá-los e adaptar suas operações caso ocorra algum evento.

“É importante lembrar que a resiliência dos negócios não é apenas sobreviver a uma emergência. É também sobre ser capaz de prosperar nas fases ruins”, destacou a administradora.

Correlata

“Nada é permanente, exceto a mudança”. A frase dita por Heráclito, filósofo que viveu há cerca de 500 anos antes de Cristo, já alertava o mundo para as mudanças que viriam no futuro.

Desafios complexos como crises econômicas, pandemias, mudanças regulatórias e tecnológicas tornaram-se cada vez mais comuns. Não raro, as capacidades de adaptação, mudança e redirecionamento são cada vez mais exigidas das organizações.

Pryscilla destaca que tais transformações têm acontecido em tempo real e de forma contínua. Para sobreviver a esse cenário, a estratégia da empresa precisa estar embasada em um planejamento que garanta a fluidez que a atualidade exige.

“Tão importante quanto ter um plano de ação é a organização estar aberta aos novos cenários. Deste modo, poderá readaptar esse plano sempre que fizer sentido para o negócio e para as partes envolvidas”, diz a analista do Sebrae de Alagoas.

A administradora corrobora o mesmo pensamento. Segundo Cláudia Cavalcanti, empresas resilientes são capazes de criar planos de ação eficazes para sobreviver e se recuperar em situações de emergências.

“Construir um plano de resiliência abrangente dá ao seu negócio, e ao seu pessoal, um manual a ser seguido, quando os processos e procedimentos padrões falham. Daí a sua grande importância no mundo dos negócios”, sentencia.

Tendências

Em 2019, poucos teriam imaginado que, em um ano, empresas de todo o mundo enfrentariam os efeitos avassaladores de uma pandemia global. Como resultado, milhares de pequenos negócios tiveram de encerrar suas operações permanentemente.

Empresas de grande porte também sofreram com o fenômeno. Muitas delas enfrentaram contratempos e outras até faliram, por não estarem preparadas para reagirem ainda durante o episódio sanitário.

O professor da Unisinos e CEO da ‘Enter TechEdu’, Bruno Bittencourt, elenca três fatores que podem impactar no futuro das organizações. A primeira delas é o data-driven, cujo significado está relacionado às decisões e ações baseadas em dados e evidências — em vez de serem tomadas apenas com base em intuição ou experiência.

“Análise de dados facilita muito o acompanhamento das mudanças que estão acontecendo. Pode, ainda, prever algumas situações inesperadas e ser crucial para o futuro da empresa”, revela o professor, que também é administrador.

O segundo fator tem a ver com o modelo de negócio e atuação. Ele explica que é cada vez mais comum ouvir termos como ‘organizações ecossistêmicas’ — expressão que revela a necessidade de a empresa atuar em bloco, de forma colaborativa, e onde só acontece o vínculo colaborador-empresa, se a visão e missão institucional estiverem alinhadas ao propósito de vida daqueles que fazem parte dela.

A última tendência está relacionada às equipes, que estão cada vez mais multidisciplinares. Atualmente, é comum as empresas trabalharem como squads, que são grupos de trabalho para determinadas ações.

“Um ponto essencial é a diversidade desse time. Quanto mais diverso, seja por questões de conhecimento, gênero, raça ou questão social, mais a gente consegue ter capacidade de inovação e adaptação”, finaliza.