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Energias Renováveis

Oportunidades de negócios podem vir do vento e do sol

Da Redação

O atual cenário de guerra na Ucrânia e a dependência da Europa ao gás russo deixam claros que é apenas uma questão de tempo para o mundo adotar, em massa, o uso de energias renováveis. Além dos conflitos políticos e econômicos, as mudanças climáticas no mundo são outra preocupação para preservar a vida no Planeta.

Os países que já investem em energias limpas, aquelas que não prejudicam o meio ambiente, têm lucrado com o aquecimento do mercado nesse segmento. Apenas em 2020, a energia renovável rendeu US$ 303,5 bilhões no mundo, segundo estudo realizado pela consultoria Ernst & Young.

Para a pesquisadora em recursos renováveis da FGV/CERI, Rosana dos Santos, é preciso substituir gradualmente a energia fóssil por renovável e aumentar a eficiência do setor. As fontes produtoras que já existem, e estão em funcionamento, não são exploradas em sua plenitude.

De acordo com Rosana, o Brasil tem grande potencial de produção de energia que não é explorado. Por isso, ela diz que é preciso rever o papel dos agentes atuantes na cadeia energética e modernizar o quadro institucional e regulatório para se adequar aos novos tempos.

A hibridização de projetos como o eólico e o solar na mesma planta, segundo a pesquisadora, pode ser uma resposta à demanda emergente. O modelo oferece maior flexibilidade operativa ao sistema, além de reduzir a necessidade do uso de termelétricas que poluem o meio ambiente.

“Precisamos adotar novas tecnologias e romper com o tradicional para abrir caminho ao novo. Temos um leque de alternativas para atender nossa demanda energética futura, de forma segura e mais sustentável”, diz.

Crescimento

No Brasil os investidores não estão alheios às novas tendências. Desde 2018 foram aplicados mais de US$ 35,8 bilhões no mercado de energia eólica (gerada a partir dos ventos), o que fez com que o país saísse do 15º lugar no ranking mundial para ocupar a atual sétima posição.

No mesmo período, a matriz se tornou a segunda maior fonte produtora de eletricidade no Brasil, representando 11,5% do total. O país expandiu sua rede em mais de 3 mil megawatts nos últimos dois anos chegando, em janeiro de 2022, a mais de 21 GW (gigawatts) de capacidade instalada, e mais de 770 parques distribuídos por doze estados — segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).

Desde 2020 já existe um marco regulatório para as chamadas “eólicas offshore”. Ela permite elaboração de novos estudos sobre o tema, além de facilitar licenciamentos ambientais e, sobretudo, o uso de espaços em águas públicas, como no mar da costa brasileira.

Para o pesquisador Farley Nobre, da Escola de Administração da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Brasil deve ficar atento às novas fontes produtoras de eletricidade, em virtude do aumento crescente da demanda por energia, advinda de novas tecnologias em especial o carro elétrico, que deve ser tendência no futuro. Ele critica ao dizer que matrizes energéticas à base de óleo e gás há tempos recebem subsídios governamentais.

“Para ocorrer uma transição de fontes energéticas limitadas às hidrelétricas e ao óleo e gás para energias renováveis, deve-se enfraquecer monopólios e grupos oligárquicos que detêm poder sobre os setores público e privado. Além disso, é preciso estimular o desenvolvimento tecnológico nacional, e isso requer que fatores amplos institucionais, a exemplo de políticas públicas, exerçam pressão sobre o atual regime de óleo e gás no Brasil e em blocos econômicos internacionais”, diz.

Energia solar

Outro mercado que igualmente promete trazer investimentos para o Brasil é o de energia fotovoltaica (energia elétrica a partir do sol). Segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), apenas no primeiro semestre de 2021 a produção de energia fotovoltaica, por usinas no Brasil, cresceu 4,88 GW (gigawatts).

Embora haja predominância de energia das hidrelétricas, com produção de 150 GW e potencial para 172 GW, o futuro parecer ser mesmo da expansão de novas usinas solares. Em 2022, os cerca de 14 GW da produção das fotovoltaicas (número leva em conta produção particular) já correspondem ao mesmo valor da energia gerada pela usina hidrelétrica de Itaipu, a maior do Brasil.

De acordo com a Absolar, o setor já trouxe R$ 74,6 bilhões de novos investimentos e gerou mais de 420 mil empregos desde 2012. A instituição destaca que a produção limpa de energia gerada pelo sol deixa de lançar 18 milhões de toneladas de CO2 — em comparação à produção de termelétricas (produzida pela queima de carvão, óleo combustível e gás natural).

Tendência

Empresas como a portuguesa Galp, de petróleo e gás, revelou em fevereiro deste ano que considera o Brasil como um dos países mais atraentes para investir em energia solar e eólica. O CEO da Empresa, Andy Brown, acrescentou que tem buscado oportunidades de negócios e parceiros nos dois setores em território nacional.

A Galp é umas companhias que têm ampliado seu portfólio de negócios de olho no futuro. A empresa anunciou que vai reforçar o foco em energias renováveis e vai limitar os gastos com combustíveis fósseis, com um corte de 20% — o que representa entre 800 milhões de euros a 1 bilhão de euros — até 2025.