Entenda como o autoconhecimento pode ser a chave para conquistar pessoas e melhores vagas no mercado.
Por Leon Santos
Não é de hoje que ter uma boa imagem profissional é mais do que necessária no cotidiano laboral, seja como colaborador, gestor e proprietário, ou mesmo como postulante a uma vaga em uma organização. Transmitir cordialidade, respeito e credibilidade é fundamental não apenas para conquistar um novo posto de trabalho como também para ingressar naquelas vagas mais disputadas, geralmente as que pagam melhor.
Dito isso, você já se perguntou quem é você para o mercado de trabalho? A imagem que você tem de si mesmo corresponde à mesma que o mercado tem sobre você? Para o mestre em administração Miguel Lima, professor na Universidade Federal Fluminense (UFF), tal questionamento é fundamental e envolve autoconhecimento que, segundo ele, é de grande utilidade em qualquer ambiente, seja nas esferas pessoal, familiar ou laboral.
De acordo com Lima, o autoconhecimento é essencial ao Marketing Pessoal, pois auxilia o indivíduo a tomar melhores decisões, mais conscientes e alinhadas com seus valores e metas. Facilita, ainda, a gestão das emoções e ajuda a promover relacionamentos mais saudáveis e eficazes.
Outras vantagens atribuídas a tal quesito é a melhora na comunicação interpessoal, pois o indivíduo entende como sua maneira de se comunicar afeta os outros. Também impulsiona o desenvolvimento de outras habilidades comportamentais valiosas para cada tipo de trabalho.
“A percepção de nós mesmos e a percepção que os outros têm de nós são fenômenos complexos que envolvem tanto aspectos psicológicos quanto sociais. Temos, aqui, o autoconhecimento — formado pela combinação de fatores como autoimagem, autoestima e autoconceito — e, por outro lado, a percepção dos outros, que é moldada por fatores como interações conosco, observações do nosso comportamento e pelas informações que compartilhamos de nós mesmos”, explica.
Além da necessidade de desenvolver as hard skills (competências técnicas), no âmbito laboral, Lima chama atenção, sobretudo, ao desenvolvimento das soft skills (competências ou habilidades comportamentais) como divisor de águas quando se fala em marketing pessoal. Para ele, as soft skills mais relevantes e importantes são: inteligência emocional (compreender e gerenciar as próprias emoções e também a dos outros), comunicação eficaz (saber ouvir e expressar ideias de forma clara e respeitosa) e empatia (saber se colocar no lugar dos outros e respeitar as perspectivas e necessidades alheias).
O mestre em administração também inclui no hall das importantes competências comportamentais a capacidade de resolução de conflitos (habilidade de resolver disputas de forma construtiva e respeitosa), o pensamento crítico (avaliar informações de maneira racional, clara e objetivas que torneiam decisões) e a liderança (inspirar e motivar equipe, mesmo sem ter cargo de chefia). Ele diz que tais soft skills são importantes para lidar com adversidades — as que existe a possibilidade de controle ou não.
“Às vezes, nossa autoimagem pode não coincidir com a forma como os outros nos veem, o que pode nos levar a desafios na comunicação e nas relações interpessoais. É importante lembrar que a percepção não é estática e pode evoluir com o tempo e as experiências”, explica.
Entrega
Quando se fala em marketing pessoal é comum vir à mente o famoso Dress Code (código de vestimenta ou vestir-se de modo mais apropriado), além de comportamentos profissionais e éticos. Porém, a psicoterapeuta Keli Rodrigues explica que a linguagem não-verbal revela 80% de nossa história e que é na maneira como se reage que estão as soft skills mais importantes.
“Aplicar a inteligência emocional ao marketing pessoal é de extrema importância, pois ela definirá a maneira como as pessoas se lembrarão de nós. Talvez as pessoas se lembrem de como você estava vestido; porém é na forma como você a cumprimentou e as tratou que será tão ou mais relevante do que os outros aspectos quando se fala em marketing pessoal”, revela.
Keli chama atenção, ainda, para a forma como o profissional se ‘vende’, ou quão interessante ele se mostra aos seus potenciais empregadores. Ela conta que o processo começa na forma como a pessoa se enxerga, pois as boas ofertas de trabalho, e de onde elas virão, estão diretamente ligadas ao que o profissional pensa sobre si e sobre seu valor.
Outro requisito para melhorar o marketing pessoal, segundo Keli, é o feedback. Ela diz que estar aberto a ouvir o que cada um é capaz de entregar, em termos de serviço ou atividade, é fundamental no contexto de trabalho.
“Muitas vezes, vemos esse desequilíbrio (visão distorcida sobre si mesmo) por falta de uma escuta honesta e relevante, não sobre quem nós somos, mas sobre o que de fato entregamos. Por isso, é importante ter a humildade de reconhecer que em determinados momentos ou contextos, é preciso melhorar nossa entrega, ou até ajustá-la para um ambiente onde ela seja relevante”, resume.
Dicas para desenvolver Soft Skills (Fonte: Miguel Lima)
-Autoconsciência: tire um tempo para refletir sobre os padrões de pensamentos, emoções e comportamentos diariamente.
-Feedback: solicite feedback (retorno ou devolutiva) de colegas e amigos, a fim de entender melhor como você é percebido.
-Comunicação: participe de cursos e workshops de comunicação para treinar a fala e a escuta ativa.
-Networking: interaja com pessoas de diferentes origens para praticar empatia e habilidades de comunicação.